Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), reportou que delegações de sua agência que visitaram o norte de Gaza, no fim de semana, se depararam com “descobertas sinistras”, em uma região assolada por fome e doenças após cinco meses de agressão israelense.
Conforme o relato, publicado na rede social X (Twitter), as equipes encontraram “níveis severos de desnutrição, crianças morrendo de fome, hospitais destruídos e grave escassez de alimentos, insumos médicos e combustível”.
Tedros confirmou que a visita é a primeira da agência desde outubro, apesar de “esforços para obter acesso regular ao norte de Gaza”.
Grim findings during @WHO visits to Al-Awda and Kamal Adwan hospitals in northern #Gaza: severe levels of malnutrition, children dying of starvation, serious shortages of fuel, food and medical supplies, hospital buildings destroyed.
The visits over the weekend were the first… pic.twitter.com/CxaCuau7iR
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) March 4, 2024
“A situação é especialmente chocante no Hospital al-Awda, cujo prédio foi destruído”, advertiu. “Kamal Adwan é o único hospital de pediatria no norte de Gaza, lotado de pacientes. A falta de alimentos resultou nas mortes de ao menos dez crianças. A falta de eletricidade impõe ameaça grave aos pacientes, sobretudo em áreas críticas como terapia intensiva e neonatal”.
Segundo Tedros, suas equipes conseguiram entregar 9.500 litros de combustível a cada um dos hospitais e alguns insumos de saúde. No entanto, “é apenas uma fração das demandas urgentes para salvar vidas”.
“Apelamos a Israel para que permita que a assistência humanitária seja entregue com segurança e regularidade. Civis, sobretudo crianças, assim como equipes médicas precisam de maior ajuda imediatamente. Mas o remédio essencial a todos os pacientes é a paz. Cessar-fogo já”, concluiu Tedros.
Israel mantém um cerco absoluto a Gaza desde 7 de outubro, somado a ataques por ar e terra, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados.
Ao promover o embargo — sem comida, água ou medicamentos —, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os 2.4 milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”.
Desde então, ao menos 30.534 palestinos foram mortos e 71.920 ficaram feridos — em maioria, mulheres e crianças. Cerca de 85% da população de Gaza — ou dois milhões de pessoas — foi desabrigada.
Na quinta-feira (29), forças israelenses abriram fogo contra uma multidão de palestinos famintos que aguardavam um comboio humanitário na via al-Rashid, a oeste da Cidade de Gaza. Mais de cem pessoas morreram e outras 760 ficaram feridas.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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