O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, respondeu nesta quinta-feira (7) a críticas veementes do Congresso dos Estados Unidos a sua posição de denúncia dos crimes israelenses em Gaza, de acordo com informações da agência Anadolu.
Petro reiterou que o que ocorre na Palestina é “genocídio”.
Os comentários envolveram também Chile e Brasil, nações latino-americanas cujos presidentes assumiram um posicionamento firme de solidariedade ao povo palestino, em particular, desde a denúncia sul-africana contra Israel em Haia.
O Chile detém a maior diáspora palestina fora do mundo árabe.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, adotou um firme discurso contra a ofensiva israelense a Gaza desde sua viagem ao Egito e então à Etiópia — onde participou como convidado da cúpula da União Africana.
Na tarde de quinta, o Subcomitê para o Hemisfério Ocidental da Câmara dos Representantes em Washington reuniu-se para analisar o que caracterizou como ascensão do “antissemitismo” nos países da América Latina — em referência às denúncias da ocupação e colonização da Palestina.
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Na audiência foi chefiada pela deputada republicana Maria Elvira Salazar, do estado da Flórida, conhecida por viés sionista e votos reacionários, contra direitos reprodutivos, minorias e outros. Salazar é considerada apoiadora de Israel e do novo presidente argentino, Javier Milei.
Deborah Lipstadt, enviada especial dos Estados Unidos para Combate ao Antissemitismo, falou ao plenário: “Cruzaram a linha. Espero que entendam a mensagem de que, se querem trabalhar com os Estados Unidos, isso não é algo que trará benefícios. Suas críticas se transformaram em não mais que puro e inalterado antissemitismo [sic]”.
Após a reunião, voltou a atacar o presidente colombiano: “Seus comentários, não apenas sobre Israel, cruzam a linha. São antissemitas [sic] e não ajudam em nada; não ajudam a comunidade judaica em seu país e não ajudam na busca de estabilidade ou paz”.
Lipstadt afirmou que a decisão de alguns líderes da região, como Petro e Lula, de convocar seus embaixadores em Tel Aviv a consulta, como forma de protesto, não condiz com a suposta busca da Casa Branca em encontrar soluções para a crise.
Todavia, não mencionou as reações hostis do governo em Israel, cujo chanceler, Israel Katz, chegou a declarar o chefe de Estado brasileiro como “persona non grata”.
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Petro respondeu na rede social X (Twitter), ao advertir que a política externa da Colômbia “não cabe aos Estados Unidos”.
“Os Estados Unidos não administram nossa política externa. De nossas diferenças, encontramos caminhos comuns. Mas não imploro, dialogo. Na Palestina há, sim, um genocídio e Netanyahu é quem o comete; denunciá-lo não é antissemitismo, é simplesmente humanidade.
Ainda em outubro de 2023, Lipstadt exigiu de Petro retratação e condenação direta da operação transfronteiriça do Hamas de 7 de outubro, que capturou colonos e soldados. Petro, no entanto, manteve o firme tom de denúncia, acompanhado posteriormente pelas lideranças regionais.
Israel alega que 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. Uma reportagem investigativa do jornal israelense Haaretz, contudo, revelou que grande parte das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes militares para atirar nos reféns.
Israel mantém ataques a Gaza desde então, deixando ao menos 30.878 mortos e 72.402 feridos — dois terços dos quais são mulheres e crianças. Há também dois milhões de desabrigados, em meio à destruição de 70% da infraestrutura civil.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reconheceu o vasto número de mortos palestinos, após contestar o número previamente. Além disso, admitiu que as vítimas são majoritariamente civis — e não membros do Hamas.
Em depoimento juramentado ao parlamento, seu secretário da Defesa, Lloyd Austin, chegou a mencionar o índice impressionante de 25 mil crianças e mulheres mortas em Gaza em somente cinco meses. Trata-se do maior número citado oficialmente por fontes americanas.
As ações israelenses em Gaza são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.