O Ministério da Saúde do governo em Gaza confirmou que ao menos dois mil trabalhadores do setor na região norte começaram seu mês do Ramadã sem as refeições do suhoor e iftar, feitas respectivamente antes e depois do pôr-do-sol, para se preparar e romper o jejum.
Ashraf al-Qudra, porta-voz do ministério, alertou em nota: “Equipes médicas estão operando 24 horas por dia no norte de Gaza sem ter o que comer. Seus corpos se deterioraram devido à falta de refeições”.
“Mais de dois mil profissionais de saúde começarão o Ramadã sem iftar ou suhoor”, reafirmou.
Al-Qudra instou organizações humanitárias internacionais a “providenciar refeições prontas que permitam às equipes de saúde conduzir seu trabalho”.
O Ramadã neste ano coincide com os ataques israelenses a Gaza, após mais de cinco meses.
Como resultado dos bombardeios e cerco israelense, além da obstrução do acesso humanitário, residentes de Gaza — sobretudo na cidade homônima e nas províncias ao norte — sofrem com fome generalizada e doenças, sem comida, água, medicamentos ou combustível.
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Ao promover o cerco, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, descreveu os 2.4 milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”, dando voz a uma retórica desumanizante que se tornou lugar comum entre as lideranças israelenses.
Para 1,6 bilhão de muçulmanos ao redor do mundo, o mês do Ramadã marca um momento de espiritualidade e reflexão, durante o qual, fiéis se abstêm de comer e beber ao longo do dia.
Outros atos de culto também ocorrem, incluindo ações de caridade e solidariedade, orações e leituras do livro sagrado, o Alcorão.
Para os palestinos, entretanto, as festas costumam coincidir com uma escalada nas agressões de Israel, incluindo obstruções de acesso à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada — terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas, que capturou colonos e soldados. São 31.045 palestinos mortos e 72.654 feridos até então, além de dois milhões de desabrigados.
Cerca de 70% das vítimas são mulheres e crianças.
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Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, Israel insiste em impedir a entrada de assistência humanitária a Gaza.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.