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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Campanha pede exclusão de Israel das Olimpíadas de Paris de 2024

Sede do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lausanne, na Suíça, 8 de setembro de 2022 [Laurent Gillieron/AFP via Getty Images]

Organizações palestinas e solidárias reforçaram apelos para que o Comitê Olímpico Internacional (COI) suspenda a participação de Israel nas Olimpíadas de 2024, realizadas em Paris, na França, entre 26 de julho e 11 de agosto.

As entidades denunciam a ocupação israelense por seus crimes de genocídio na Faixa de Gaza e limpeza étnica nos territórios ocupados da Cisjordânia e de Jerusalém, em violação da lei internacional e das diretrizes fundacionais dos Jogos Olímpicos.

Segundo o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) na França, ao menos 300 clubes desportivos, centros juvenis e instituições da sociedade civil na Palestina ocupada reivindicaram do COI que aplique seus princípios ao excluir Israel do evento.

As organizações instam o COI a “aplicar seus princípios e cumprir suas obrigações ao banir Israel dos Jogos Olímpicos … até que se encerre suas graves violações da lei internacional, em particular seu regime de apartheid e o genocídio em Gaza”.

“Permitir que Israel, no meio de um genocídio, participe das próximas Olimpíadas sugere à comunidade internacional que o COI aprova os mais hediondos crimes de guerra”, acrescentou a campanha.

No sábado (9), representantes do Fórum Muçulmano da Europa (EMF) conduziram um protesto em frente à sede do COI em Lausanne, na Suíça, sob o slogan: “Sem paz, sem jogos”.

Os manifestantes denunciaram a inação do comitê como “afronta aos sentimentos dos povos do mundo e escárnio aos princípios olímpicos proclamados por Pierre de Coubertin, em suas palavras: ‘Oh Esporte, tu és Paz’”.

A campanha apontou ainda para os ataques israelenses contra estádios, atletas e profissionais palestinos do setor de esportes, violando princípios declarados pela Carta Olímpica de “preservar a dignidade humana” e “construir harmonia”.

Um relatório recente, publicado pela Associação de Futebol da Palestina, confirmou que 85 atletas, incluindo 55 jogadores de futebol, foram mortos por ataques israelenses.

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“Os ataques de Israel aos esportes são pessoais para nós”, comentou o Centro da Juventude de Balata, clube de futebol cujo atleta Said Yousef Odeh, de 16 anos, foi baleado e morto por soldados israelenses na Cisjordânia em 2021.

“[Odeh] está entre dezenas e dezenas de atletas palestinos mortos por Israel, incluindo em Gaza”, prosseguiu o clube. “É hora de pôr fim à postura de normalidade assumida por órgãos predominantemente ocidentais sobre as ações genocidas de Israel”.

“Campanhas globais para isolar o Estado de apartheid sul-africano contribuíram para desmantelar seu regime de opressão”, recordou o clube. “Precisamos adotar a mesma pressão, dos comitês às ruas, para convencer o COI a abandonar sua hipocrisia e banir Israel”.

Dezenas de milhares de pessoas também assinaram uma petição, lançada pelo Movimento de Democracia na Europa, pela “suspensão imediata de Israel de todos os eventos esportivos até que respeite a totalidade das leis e regulações internacionais”.

Em carta aberta, centenas de atletas irlandeses de diversas modalidades pediram ainda uma investigação sobre as violações israelenses à Carta Olímpica.

“Por décadas, Israel ataca a comunidade desportiva palestina, ao impedir seus atletas de viajar a torneios, mutilá-los a tiros, assassiná-los e destruir suas instalações”, apontaram os signatários. “Quantos atletas e crianças que sonham com o esporte terão ainda de morrer nas mãos de Israel?”.

Princípios e precedentes

“A prática do esporte é um direito humano”, determina o manifesto regente dos Jogos Olímpicos. “Todo indivíduo deve ter acesso à prática esportiva, sem qualquer discriminação, em respeito aos direitos humanos reconhecidos internacionalmente … no espírito de amizade, solidariedade e fair play”.

“Pertencer ao Movimento Olímpico requer cumprimento da Carta e reconhecimento do COI”, conclui o documento.

Entre 1964 e 1992, a África do Sul foi banida dos Jogos Olímpicos como parte dos esforços internacionais para desmantelar o regime de apartheid.

Rússia e Bielorrússia estão banidos do evento deste ano devido à guerra na Ucrânia.

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“Em meados de janeiro de 2024, o COI — ao aplicar seus princípios — decidiu que, devido à invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, atletas russos e bielorrussos não poderão competir em nome de seu país”, comentou o BDS — França.

Em artigo publicado no The Guardian, Karim Zidan — repórter investigativo que estuda a intersecção entre política e esportes — argumentou: “A disparidade gritante na tratativa do COI sobre Israel e Rússia emite uma mensagem perturbadora sobre seus valores de direitos humanos e dignidade humana, sobretudo no contexto israelo-palestino”.

“Ao abster-se de aplicar os mesmos parâmetros a Israel, federações desportivas parecem sugerir que a Palestina, como Estado-membro e participante dos eventos, não merece o mesmo grau de simpatia, dignidade ou compromisso requerido sobre os direitos fundamentais”, acrescentou Zidan.

Não apenas o COI privilegia Israel, reiterou a campanha, como pune equipes e atletas que assumem posições embasadas em solidariedade à Palestina, por exemplo, ao se recusarem a disputar partidas ou turnos com atletas israelenses.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, que acatou, em 26 de fevereiro, a “plausibilidade” da denúncia sul-africana sobre os crimes perpetrados em Gaza. O processo pode durar anos.

No entanto, desde então, autoridades israelenses ignoraram medidas cautelares deferidas pela corte para ampliar o fluxo humanitário a Gaza, onde 2.4 milhões de pessoas vivem sob catástrofe humanitária, à margem de uma crise de fome generalizada.

Os ataques israelenses a Gaza, desde 7 de outubro, deixaram 31.184 mortos, 72.889 feridos, além de dois milhões de desabrigados, ao destruir 60% da infraestrutura civil. Dois quartos das vítimas são mulheres e crianças.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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