O ministro de Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, advertiu nesta segunda-feira (11) que as restrições impostas por Israel ao acesso de fiéis à Mesquita de Al-Aqsa, na cidade ocupada de Jerusalém, durante o mês islâmico do Ramadã, empurram toda a região à margem de uma deflagração.
Segundo informações da agência Reuters, Safadi reiterou que o reino hachemita, que mantém custódia do santuário islâmico, rechaça o anúncio israelense de limitar ainda mais o acesso palestino a Jerusalém, sob pretexto de segurança no contexto do genocídio em Gaza.
“Advertimos que profanar a santidade de Al-Aqsa é brincar com fogo”, disse Safadi em coletiva de imprensa, junto do chanceler do Vaticano, arcebispo Paul Gallagher.
A Mesquita de Al-Aqsa é o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos. Judeus fundamentalistas descrevem a área como Monte do Templo, ao reivindicá-la para construção de um suposto santuário da Antiguidade.
Israel ocupou Jerusalém Oriental, onde está Al-Aqsa, em 1967, durante a chamada Guerra dos Seis Dias. Em 1980, anexou toda a cidade, medida jamais reconhecida internacionalmente.
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A Jordânia compartilha com os palestinos denúncias de que as restrições em Al-Aqsa, somadas a ataques de soldados colonos ilegais na Cisjordânia ocupada, representam uma violação da liberdade de culto.
Recentemente, o ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir — conhecido por declarações e práticas racistas e inflamatórias — prometeu maiores restrições em Al-Aqsa.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, assumiu a pauta, ao alegar que os números serão similares aos do ano passado.
“Não permitir os fiéis a realizar seus ritos e compromissos religiosos, neste mês sagrado, além de restringir a liberdade de acesso à Mesquita de Al-Aqsa, tudo isso leva a uma situação explosiva, sobre a qual tanto advertimos”, acrescentou Safadi.
Conforme o chanceler, Israel ameaça uma deflagração na Cisjordânia, em particular, após anos de expansão de assentamentos ilegais sobre terras palestinas e “ataques terroristas” conduidos por milícias coloniais.
“A Cisjordânia está fervendo”, reiterou Safadi.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma operação transfronteiriça do grupo Hamas, que capturou colonos e soldados. São mais de 30 mil palestinos mortos, 70 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Dois terços das vítimas são mulheres e crianças.
Neste entremeio, Israel intensificou suas invasões e pogroms a aldeias e cidades. São 400 palestinos mortos no mesmo período. Cerca de 6 mil pessoas foram presas pelas tropas ocupantes, somando-se a milhares de prisioneiros políticos antes da guerra.
A maioria dos palestinos encarcerados por Israel permanece em custódia sem julgamento ou sequer acusação — reféns, por definição.
O Ramadã deste ano — mês de festividades islâmicas, no qual os muçulmanos jejuam do nascer ao pôr do sol — coincide com a crise em Gaza e a escalada na Cisjordânia.
Segundo Safadi, Israel utiliza a fome como arma de guerra. “Neste Ramadã, Gaza é bombardeada por Israel e mulheres não conseguem achar comida para suas crianças. Cinco meses se passaram e o mundo continua a fracassar com a dignidade humana”.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, Israel insiste em impedir a entrada de assistência humanitária na Faixa de Gaza.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.