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Israel sugere empurrar palestinos de Rafah a ‘ilhas humanitárias’

14 de março de 2024, às 16h21

Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, visita tropas ocupantes nos arredores de Rafah, na Faixa de Gaza, em 13 de março de 2024 [Ariel Hermoni/Agência Anadolu]

O exército israelense aventou planos de empurrar uma parcela considerável dos 1.4 milhões de palestinos radicados em Rafah, no extremo sul de Gaza, a “ilhas humanitárias” no centro do enclave, como preparativo a uma invasão por terra à cidade na fronteira com Egito.

Segundo Daniel Hagari, porta-voz das Forças Armadas, a transferência compulsória dos deslocados em Rafah, a áreas pré-estabelecidas pelas autoridades ocupantes, ocorrerá em coordenação com agentes internacionais, como parte dos preparativos para a operação em campo.

Israel insiste que o Hamas mantém quatro batalhões em Rafah, na tentativa de justificar os ataques à cidade apesar de apelos contrários da comunidade internacional.

O Estado ocupante não apresenta provas a suas alegações, após uma varredura infrutífera em direção norte-sul, que destruiu 70% da infraestrutura civil de Gaza.

Segundo Hagari: “Precisamos assegurar que as pessoas em Rafah, ou ao menos uma parte considerável delas, se movam. Para onde? Ilhas humanitárias que nós criaremos”.

Hagari prometeu fornecer abrigo temporário, alimentação, água e outras necessidades aos palestinos radicados nas áreas em questão.

Todavia, não confirmou a evacuação de Rafah, tampouco um cronograma de ataque. Conforme o porta-voz, Israel espera o “momento apropriado”, em suposta coordenação com o regime egípcio do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi.

O Egito rejeita planos israelenses para deslocar os palestinos de Gaza ao deserto do Sinai.

Rafah, originalmente com 300 mil habitantes, foi inundada por tendas improvisadas e deslocados do norte, que fogem dos bombardeios de Israel. O destino da cidade tornou-se foco de apreensão de aliados israelenses e grupos humanitários, que alertam para um novo desastre humanitário.

Rafah é também o principal ponto de acesso da assistência a Gaza, restrita severamente por Israel apesar de uma epidemia de fome.

O premiê israelense Benjamin Netanyahu afirma que a ofensiva a Rafah é crucial a sua “vitória”. Analistas apontam para interesses próprios, à medida que um recuo ou cessar-fogo deve incorrer no colapso de seu governo.

Nos últimos cinco meses, Israel instruiu os palestinos a deixarem suas residências e se instalarem em supostas “zonas seguras”. No entanto, avançou contra as cidades sem poupar abrigos, hospitais, escolas ou rotas de fuga.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 31.272 mortos, 73.024 feridos e dois milhões de desabrigados. Dois terços das vítimas são mulheres e crianças.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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