Aliados da Rússia foram rápidos em parabenizar o presidente Vladimir Putin pelo anúncio de sua vitória nas eleições deste fim de semana, denunciadas, no entanto, como “ilegais” por lideranças dos Estados Unidos, Ucrânia e países europeus.
Resultados divulgados neste domingo (17) reportaram uma vitória acachapante de Putin, por 87.8% dos votos — recorde na Rússia pós-soviética.
As informações são da agência de notícias Al Jazeera.
Putin, aos 71 anos, embarca agora em seu quinto mandato presidencial, além de um período em que exerceu o cargo de primeiro-ministro, totalizando duas décadas no poder.
Putin pode concorrer ainda a uma nova reeleição, hipótese na qual deve se tornar o líder mais duradouro da Rússia em 200 anos, superando Joseph Stálin.
Dmitry Medvedev, presidente entre 2008 e 2012, e homem forte de Putin no Conselho Nacional de Segurança, celebrou a vitória ainda antes do anúncio: “Parabenizo Vladimir Putin por seu esplêndido triunfo nessas eleições”.
Medvedev foi antecipado apenas por Charles Michel, chefe do Conselho Europeu, que preconizou o resultado antes mesmo das urnas serem abertas: “Quero parabenizar Vladimir Putin por sua vitória esmagadora. Sem oposição. Sem liberdade. Sem escolha”.
Would like to congratulate Vladimir Putin on his landslide victory in the elections starting today.
No opposition.
No freedom.
No choice.— Charles Michel (@CharlesMichel) March 15, 2024
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, comemorou a vitória “decisiva” de seu aliado.
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, destacou: “Nosso irmão mais velho triunfou. Boa notícia para o mundo”.
Os Estados Unidos, por outro lado, rechaçaram o pleito. “As eleições obviamente não são livres, dado que Putin encarcerou oponentes políticos e impediu outros de concorrer contra ele”, observou um porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca.
Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia, insistiu que as eleições não ocorreram de maneira “livre e justa”, sem opositores genuínos ou observadores internacionais presentes em campo.
“Esta eleição se baseou em repressão e intimidação”, disse Borrell.
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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, rechaçou o resultado: “Todo o mundo sabe que essa pessoa [Putin], como outros na história, se tornou doente pelo poder e pretende governar para sempre. Não há mal que não faça para manter seu poder. E ninguém no mundo estará protegido disso”.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores da Alemanha: “A pseudo-eleição na Rússia não é livre, tampouco justa, e o resultado não surpreende ninguém. O regime é autoritário, ao recorrer a censura, repressão e violência. As eleições nos territórios ocupados da Ucrânia são inválidas e violam novamente a lei internacional”.
David Cameron, secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, ecoou denúncias de ilegalidade, assim como seu homólogo italiano Antonio Tajani.
Pequim congratulou Putin, ao reiterar que “China e Rússia são os maiores vizinhos um do outro e, portanto, parceiros de cooperação estratégica nessa nova era”.
Lin Jian, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, reiterou que o presidente Xi Jinping “manterá trocas próximas [com o Kremlin], mantendo a duradoura relação de boa vizinhança e aprofundando a coordenação estratégica abrangente”.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, declarou na rede social X (Twitter). “Estou ansioso para trabalharmos juntos para fortalecer ainda mais a parceria estratégica especial e privilegiada entre nossos países, testada pelo tempo, nos anos por vir”.
Índia e China são parceiros da Rússia no grupo conhecido como Brics.
Eleitores da Rússia e das regiões ucranianas anexadas ilegalmente registraram seus votos à Presidência da República entre sexta-feira e domingo. Milhões de russos na diáspora votaram nas embaixadas, consulados ou por e-mail de seus países anfitriões.
A Rússia mantém uma invasão à Ucrânia há mais de dois anos. No entanto, estendeu o processo eleitoral à Crimeia, anexada em 2014, e aos territórios de Luhansk, Donetsk, Zaporizhia e Kherson, ocupados em meados de 2022.
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