Entre saudações e denúncias de fraude, Putin confirma reeleição

Painel confirma reeleição do presidente Vladimir Putin, na sede da Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia, em Moscou, em 17 de março de 2024 [Sefa Karacan/Agência Anadolu]

Aliados da Rússia foram rápidos em parabenizar o presidente Vladimir Putin pelo anúncio de sua vitória nas eleições deste fim de semana, denunciadas, no entanto, como “ilegais” por lideranças dos Estados Unidos, Ucrânia e países europeus.

Resultados divulgados neste domingo (17) reportaram uma vitória acachapante de Putin, por 87.8% dos votos — recorde na Rússia pós-soviética.

As informações são da agência de notícias Al Jazeera.

Putin, aos 71 anos, embarca agora em seu quinto mandato presidencial, além de um período em que exerceu o cargo de primeiro-ministro, totalizando duas décadas no poder.

Putin pode concorrer ainda a uma nova reeleição, hipótese na qual deve se tornar o líder mais duradouro da Rússia em 200 anos, superando Joseph Stálin.

Dmitry Medvedev, presidente entre 2008 e 2012, e homem forte de Putin no Conselho Nacional de Segurança, celebrou a vitória ainda antes do anúncio: “Parabenizo Vladimir Putin por seu esplêndido triunfo nessas eleições”.

Medvedev foi antecipado apenas por Charles Michel, chefe do Conselho Europeu, que preconizou o resultado antes mesmo das urnas serem abertas: “Quero parabenizar Vladimir Putin por sua vitória esmagadora. Sem oposição. Sem liberdade. Sem escolha”.

 

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, comemorou a vitória “decisiva” de seu aliado.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, destacou: “Nosso irmão mais velho triunfou. Boa notícia para o mundo”.

Os Estados Unidos, por outro lado, rechaçaram o pleito. “As eleições obviamente não são livres, dado que Putin encarcerou oponentes políticos e impediu outros de concorrer contra ele”, observou um porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca.

Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia, insistiu que as eleições não ocorreram de maneira “livre e justa”, sem opositores genuínos ou observadores internacionais presentes em campo.

“Esta eleição se baseou em repressão e intimidação”, disse Borrell.

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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, rechaçou o resultado: “Todo o mundo sabe que essa pessoa [Putin], como outros na história, se tornou doente pelo poder e pretende governar para sempre. Não há mal que não faça para manter seu poder. E ninguém no mundo estará protegido disso”.

Segundo o Ministério de Relações Exteriores da Alemanha: “A pseudo-eleição na Rússia não é livre, tampouco justa, e o resultado não surpreende ninguém. O regime é autoritário, ao recorrer a censura, repressão e violência. As eleições nos territórios ocupados da Ucrânia são inválidas e violam novamente a lei internacional”.

David Cameron, secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, ecoou denúncias de ilegalidade, assim como seu homólogo italiano Antonio Tajani.

Pequim congratulou Putin, ao reiterar que “China e Rússia são os maiores vizinhos um do outro e, portanto, parceiros de cooperação estratégica nessa nova era”.

Lin Jian, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, reiterou que o presidente Xi Jinping “manterá trocas próximas [com o Kremlin], mantendo a duradoura relação de boa vizinhança e aprofundando a coordenação estratégica abrangente”.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, declarou na rede social X (Twitter). “Estou ansioso para trabalharmos juntos para fortalecer ainda mais a parceria estratégica especial e privilegiada entre nossos países, testada pelo tempo, nos anos por vir”.

Índia e China são parceiros da Rússia no grupo conhecido como Brics.

Eleitores da Rússia e das regiões ucranianas anexadas ilegalmente registraram seus votos à Presidência da República entre sexta-feira e domingo. Milhões de russos na diáspora votaram nas embaixadas, consulados ou por e-mail de seus países anfitriões.

A Rússia mantém uma invasão à Ucrânia há mais de dois anos. No entanto, estendeu o processo eleitoral à Crimeia, anexada em 2014, e aos territórios de Luhansk, Donetsk, Zaporizhia e Kherson, ocupados em meados de 2022.

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