Ativistas apelaram a agências governamentais da Jordânia e órgãos internacionais pela libertação de Moayad al-Khatib, detido por duas semanas à espera de um inquérito, aberto no primeiro dia do Ramadã, em 11 de março.
Conforme relatos, al-Khatib foi preso arbitrariamente por mobilizar apoio ao povo palestino da Faixa de Gaza, sob genocídio perpetrado pelo Estado de Israel. Desde então, permanece em custódia sem acesso a sua família.
A Associação de Jovens Jordanianos por Apoio à Resistência denunciou a prisão, ao reivindicar sua libertação junto a todos aqueles detidos por apoio a Gaza.
للأسف فقد تم اعتقال مؤيد الخطيب البارحة
وسيغيب عن زوجته ويسر وإحسان وسنا في أول إفطار من رمضان pic.twitter.com/RnyRYzHaOe— Obada Alali (@ObadaAlali4) March 12, 2024
Segundo a organização, o regime jordaniano “implementa políticas de detenção arbitrária contra jovens cidadãos que buscam, com todas as suas forças, refletir o pulso das ruas em solidariedade ao povo de Gaza”.
Autoridades jordanianas foram denunciadas previamente por prender e assediar manifestantes pró-Palestina no país ou engajados em ativismo online, incluindo por meio de uma nova e controversa lei de segurança cibernética. Desde 7 de outubro, milhares de jordanianos mantêm protestos de massa em solidariedade ao povo palestino.
No início de fevereiro, a organização Human Rights Watch (HRW) emitiu um relatório neste sentido. Segundo Lama Fakih, diretora regional do HRW: “Autoridades atacam direitos à liberdade de expressão e assembleia a fim de conter o ativismo relacionado a Gaza”.
Acusações envolvem “incitação contra o regime político” — crime de terrorismo sob o código penal do país. Muitos dos presos são mantidos sob procedimentos de “detenção administrativa”, sem julgamento ou acusação, coagidos a assinar termos de não-manifestação, sob ameaça de multa de US$70 mil.
Segundo a Anistia Internacional, em apenas um mês, entre outubro e novembro, policiais jordanianos detiveram ao menos mil manifestantes durante atos pró-Palestina. Ao menos cinco outros foram detidos entre novembro e dezembro, indiciados por postagens online.
Diana Semaan, pesquisadora jordaniana da organização de direitos humanos, reafirmou: “Ninguém deveria ser preso meramente por expressar suas opiniões sobre a guerra em Gaza ou criticar as políticas de governo”.
“Autoridades jordanianas lançaram mão de medidas repressivas, para erradicar todos os vestígios de liberdade e dissidência”, reiterou Semaan. “Lamentavelmente, levantam acusações vagas contra indivíduos que estão exercendo seus direitos fundamentais”.
A monarquia hachemita normalizou laços com Israel em 1994, por meio de um acordo mediado por Washington. A Jordânia é lar de aproximadamente três milhões de palestinos. Desde a deflagração na região, a população — majoritariamente solidária à causa palestina — reivindica do governo um posicionamento mais firme contra a agressão a Gaza.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 31.645 mortos e 73.676 feridos, além de dois milhões de desabrigados.
أعرف مؤيد الخطيب منذ سنوات طويلة وهو من خيرة الشباب الأردني، وعلى اختلافي معه فكرياً إلا أنني أُكِنّ له الكثير من الحب والاحترام، وتجمعنا علاقة إنسانية وطيدة، فهو يفرض حُبه واحترامه على جميع من يتعامل معه
بأيّ حق يتم اعتقاله وحرمان أطفاله من وجوده في رمضان لمجرد تضامنه مع غزة ؟!… pic.twitter.com/zO9PoRRsUO
— علاء القضاة | 7 October 🔻 (@alaaqudah1993) March 16, 2024
A brutal ofensiva contra o território palestino deflagrou uma onda de protestos populares nos Estados árabes, onde regimes autocráticos buscam conter as manifestações.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.