Netanyahu promete não ceder à pressão internacional por cessar-fogo em Gaza

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião de gabinete em Tel Aviv, em 24 de dezembro de 2023 [Ohad Zwigenberg/AFP via Getty Images]

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reiterou neste domingo (17) que não pretende ceder à pressão internacional para cessar suas hostilidades em Gaza.

“Não há montante de pressão internacional capaz de nos impedir de realizar todos os objetivos de guerra: exterminar o Hamas, libertar os reféns e garantir que Gaza jamais volte a ser uma ameaça de segurança a Israel”, alegou Netanyahu durante reunião de seu gabinete.

“Não devemos ceder a tais pressões — jamais o faremos”, prometeu o premiê.

Netanyahu enfrenta pressão externa e mesmo doméstica por um acordo de cessar-fogo em Gaza, incluindo troca de prisioneiros, diante da maior crise de relações públicas desde a criação do Estado de Israel.

A extensão da guerra — mais de cinco meses — renovou protestos de massa em Tel Aviv e outras cidades, pela deposição de seu governo e eleições antecipadas em Israel.

Conforme analistas, no entanto, Netanyahu rechaça esforços de paz por interesse próprio, sob receios de que um cessar-fogo levará ao colapso de seu governo e consequentemente à continuidade dos processos por corrupção nos quais é acusado.

Netanyahu rejeitou os apelos: “Fazem tudo isso para tentar forçar novas eleições, no meio da guerra. Sabem muito bem que as eleições deverão parar a guerra e paralisar o país por ao menos seis meses. Se pararmos a guerra agora, antes de conquistar nossos objetivos, significa que Israel perdeu a guerra e não podemos permitir isso”.

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Na quinta-feira (14), Chuck Schumer, líder da maioria democrata no Senado, criticou abertamente a liderança de Netanyahu, ao sugerir novas eleições.

Netanyahu caracterizou os comentários de Schumer como “totalmente inadequados”.

Apesar dos alertas, Netanyahu aprovou na sexta-feira (15) planos para uma invasão por terra à cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, na fronteira com o Egito, onde 1,5 milhão de refugiados buscaram abrigo da violenta varredura norte-sul conduzida por Israel.

“Agiremos em Rafah. Levará poucas semanas, mas vai acontecer”, acrescentou o premiê. “Aqueles que afirmam que a operação em Rafah não vai acontecer são os mesmos que disseram que não entraríamos em Gaza, al-Shifa ou Khan Yunis, e que não retomaríamos os combates após a trégua [de uma semana, em novembro]”.

Pesquisadores e ativistas denunciam que o verdadeiro objetivo militar de Israel em Gaza é a transferência compulsória da população palestina ao deserto do Sinai, para anexar, reocupar e reassentar ilegalmente o território.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 31.645 mortos, 73.676 feridos e dois milhões de desabrigados, em meio à destruição de 60% da infraestrutura civil.

As ações são retaliação a uma operação do Hamas que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados. Segundo o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.

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No entanto, reportagens investigativas do jornal israelense Haaretz mostraram que parte considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de líderes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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