Pela primeira vez desde 7 de outubro, um emissário do Ministério de Relações Exteriores da China reuniu-se com o líder do gabinete político do movimento palestino Hamas, Ismail Haniyeh, confirmou em comunicado nesta terça-feira (19) a chancelaria em Pequim.
O encontro ocorreu no Catar, no último domingo (17). O embaixador chinês em Doha, Cao Xiaolin, acompanhou a reunião.
Segundo as informações, o diplomata Wang Kejian e Haniyeh “trocaram perspectivas sobre o conflito em Gaza e outras questões”.
Kejian reiterou que o Hamas — grupo político-militar que administra Gaza — é “parte do tecido nacional palestino”, de modo que relações entre as partes são fundamentais.
Trata-se do primeiro contato público entre Pequim e Hamas desde 7 de outubro, quando Israel lançou sua campanha de bombardeios contra Gaza, em retaliação a uma operação transfronteiriça do braço armado do Hamas.
“Ambos discutiram desenvolvimentos em campo e políticos relacionados à situação em Gaza e formas de cessar a guerra e enviar assistência urgente, sobretudo à luz dos assassinatos, inanição, massacres e esforços para criar o caos”, prosseguiu o comunicado.
O diplomata chinês mencionou também o “relacionamento próximo e histórico entre os povos chinês e palestino e as posições firmes de Pequim sobre a questão palestina e as justas demandas de seu povo por um Estado livre e independente”.
Haniyeh pediu fim dos massacres, retirada militar de Israel, retorno dos deslocados a suas casas, obras de habitação e reconstrução e esforços em nome das aspirações políticas do povo palestino, sobretudo por um Estado soberano com Jerusalém com sua capital, mediante direito de retorno dos refugiados e autodeterminação.
Haniyeh enalteceu ainda o papel desempenhado por Pequim no Conselho de Segurança, na Organização das Nações Unidas (ONU) e no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), além do envio de socorro humanitário a Gaza.
Antes de viajar a Doha, Wang visitou Israel e a Cisjordânia ocupada.
Em Pequim, Lin Jian, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, reforçou apelos a todas as facções nacionais palestinas para que dialoguem em nome da “reconciliação interna”.
Lin parabenizou o novo primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Mustafa, e reafirmou: “Apoiamos todas as organizações políticas na Palestina para que conquistem sua reconciliação interna, por meio de consultas e diálogo”.
Lin comentou a nova invasão israelense ao Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, maior complexo de saúde do enclave sitiado, neste fim de semana. “O que aconteceu no Hospital al-Shifa sumariza a crise humanitária que assola Gaza”, observou.
Segundo a rádio militar israelense Kan, cerca de 80 palestinos foram detidos após a operação em Al-Shifa.
“A prioridade no momento é materializar um cessar-fogo imediato, proteger civis com tudo que podemos, evitar maiores baixas e atenuar a crise humanitária”, acrescentou Lin.
O genocídio perpetrado por Israel em Gaza soma 30 mil mortos e 70 mil feridos em pouco mais de cinco meses, além de dois milhões de desabrigados.
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