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‘Melhor resposta a Europa é expandir assentamentos’, desafia ministro de Israel

19 de março de 2024, às 15h26

Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, durante coletiva de imprensa em Jerusalém ocupada, em 11 de janeiro de 2023 [Kobi Wolf/Bloomberg via Getty Images]

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, afirmou nesta segunda-feira (18) que expandir os assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada é a “resposta apropriada” às sanções adotadas pela União Europeia contra colonos que realizam atos de violência.

Segundo o jornal israelense Haaretz, declarou Smotrich: “A falsa campanha de BDS [Boicote, Desinvestimento e Sanções] contra o Estado de Israel está funcionando. Uma campanha inteiramente projetada para difamar Israel [sic]. Se há violência, temos então um sistema de justiça”.

“Só há uma resposta apropriada de nós, sionistas, às declarações da União Europeia: fortalecer e estabelecer assentamentos em todas as partes da Terra de Israel [sic]”, acrescentou em referência aos territórios ocupados da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém.

Os comentários de Smotrich são os primeiros de um oficial israelense de alto escalão sobre as sanções europeias. Suas declarações sobre o “sistema de justiça” ignoram o regime de apartheid, sob o qual palestinos são levados a cortes militares enquanto colonos extremistas são frequentemente absolvidos ou sequer indiciados por mecanismos civis.

Nesta segunda-feira, a União Europeia concordou em princípio a impor sanções individuais a colonos que se envolvam em atos de violência contra os palestinos nativos.

Josep Borrell, chefe de política externa do bloco, disse que os 27 Estados-membros chegaram a um consenso sobre as medidas. Segundo Borrell, a decisão inclui a proibição de visto e o congelamento ou mesmo a apreensão de recursos na Europa. A lista dos indivíduos afetados será ratificada em breve.

Desde o início do genocídio perpetrado por Israel em Gaza, em 7 de outubro, colonos e soldados intensificaram seus ataques nos territórios ocupados de Jerusalém e Cisjordânia, além de pogroms a aldeias e cidades palestinas.

Conforme dados da Comissão de Resistência ao Muro e à Colonização (CWRC), colonos conduziram ao menos 2.410 ataques contra palestinos e suas propriedades na Cisjordânia em 2023, incluindo 22 assassinatos — dez após 7 de outubro.

Vinte e cinco comunidades beduínas foram deslocadas à força no último ano — vinte duas das quais desde 7 de outubro.

Estima-se que mais de 720 mil colonos israelenses estejam radicados na Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Todos os colonos e seus assentamentos são ilegais segundo a lei internacional.

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