Israel pediu ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, que não emita novas medidas emergenciais para ampliar a assistência humanitária à população civil da Faixa de Gaza, apesar da fome generalizada que assola o território sitiado.
As informações são da agência de notícias Al Jazeera.
Em nova petição encaminhada à principal corte das Nações Unidas, divulgada ao público na segunda-feira (18), Israel alegou “preocupar-se verdadeiramente [sic] com a situação humanitária e as vidas inocentes”, após desabrigar dois milhões de palestinos.
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— Monitor do Oriente (@monitordoorient) March 20, 2024
Advogados do regime colonial negaram as evidências de que o exército ocupante utiliza a fome como arma de guerra, ao atacar novamente seus homólogos da África do Sul.
Segundo o lado israelense, os apelos sul-africanos por novas medidas, registrados na corte em 6 de março, são “totalmente infundados nos fatos ou na lei, moralmente repugnantes, e representam abuso tanto da Convenção de Genocídio quanto da própria corte”.
A comunicação é parte do processo deferido em Haia sobre a acusação sul-africana de que Israel comete crime de genocídio em Gaza.
Israel mantém ataques indiscriminados ao enclave costeiro, em retaliação e punição coletiva a uma ação transfronteiriça do movimento Hamas em 7 de outubro. Desde então, são mais de 30 mil palestinos mortos e 70 mil feridos, além de milhares debaixo dos escombros — provavelmente mortos.
Em 26 de janeiro, Haia ordenou Israel a evitar atos que possam incorrer em genocídio, assim como sua incitação, além de ampliar o fluxo humanitário a Gaza. O exército ocupante, entretanto, manteve seu cerco e mesmo ataques a comboios assistenciais.
Agências humanitárias reafirmam que Israel obstrui o socorro aos 2.4 milhões de habitantes de Gaza. Ao promover o cerco — sem comida, água, luz ou medicamentos —, Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, descreveu os palestinos como “animais humanos”.
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Fome como projeto
Israel impõe um cerco militar a Gaza desde 2007. No entanto, intensificou seu embargo após 7 de outubro, somado a bombardeios indiscriminados à infraestrutura civil e uma invasão por terra que empurrou 1.5 milhão de pessoas à fronteira com o Egito, a fim de transferi-las compulsoriamente ao deserto do Sinai.
As medidas de Haia são injunções provisórias que buscam impedir o agravamento da crise enquanto a corte realiza procedimentos sobre o caso — processo que pode demorar anos.
A resposta israelense veio a público no mesmo dia em que um novo relatório do Programa Alimentar Mundial (PAM), confirmou que “a fome generalizada é iminente” em Gaza, sobretudo, na região norte. Segundo as informações, cerca de 70% da população sofre de “fome catastrófica”, à beira da inanição.
Ao menos 20 pessoas morreram de desnutrição e inanição em Gaza nas últimas semanas.
Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia, reconheceu nesta segunda que a fome em Gaza é “utilizada como arma de guerra”, “inteiramente fabricada pelo homem”.
“Caminhões estão parados. Pessoas estão morrendo de fome enquanto as travessias por terra continuam artificialmente fechadas”, observou Borrell.