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Violência no Sudão do Sul aumenta 35% em 2023, reporta ONU

21 de março de 2024, às 00h01

Refugiados aguardam ajuda humanitária ao lado de um caminhão do Programa Alimentar Mundial (PAM), na cidade de Bentiu, no Sudão do Sul, em 7 de fevereiro de 2023 [Simon Maina/AFP via Getty Images]

O número de pessoas afetadas pela violência no Sudão do Sul aumentou em 35% no último trimestre de 2023, devido a conflitos intercomunitários, reportou nesta segunda-feira (18) a Organização das Nações Unidas (ONU).

A Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) documentou 233 incidentes de violência afetando 862 pessoas. O novo relatório confirmou 406 mortos, 293 feridos e cem sequestrados, além de 63 pessoas submetidas a violência sexual relacionada ao conflito.

Segundo a pesquisa, a violência cometida por milícias comunitárias ou grupos de defesa civil contabilizou 86% dos casos nos quais civis foram afetados.

Mais da metade — 263 mortos e 186 feridos — caiu vítima de disputas territoriais internas do grupo étnico dinka, entre os chamados twic dinka, do estado de Warrap, foco do conflito, e os ngok dinka, da região rica em petróleo de Abyei.

“O conflito intercomunitário continua a causar imensos danos às pessoas em todo o país”, comentou Nicholas Haysom, chefe da UNMISS.

O Sudão do Sul deve conduzir eleições neste ano, pela primeira vez desde o acordo de paz de 2018, firmado entre o presidente Salva Kiir Mayardit e seu antigo rival, Riek Machar, que encerrou os cinco anos de guerra civil, com centenas de milhares de vítimas.

A violência causada por tensões étnicas e disputas sobre recursos naturais e território se intensificou em diversas partes do país nos últimos meses, sobretudo em Abyei.

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Com uma fronteira mal definida entre Sudão e Sudão do Sul, Abyei permanece sob disputa entre ambos os países desde que este declarou sua independência em 2011.

O Sudão, por sua vez, vive uma guerra civil desde abril de 2023.

O chefe da UNMISS instou o governo sul-sudanês a intervir para “solucionar queixas subjacentes e construir a paz”.

Segundo as Nações Unidas, foram realizadas ao menos dez mil patrulhas por terra, ar e mar no último ano.

O Sudão do Sul — uma das nações mais jovens do mundo — sofre também com a seca e inundações sazonais, tornando as condições de vida particularmente árduas.

O Programa Alimentar Mundial (PAM), em seu mais recente informe sobre o país, reiterou que a população sul-sudanesa “continua a enfrentar dura crise humanitária” devido a violência, instabilidade econômica, mudanças climáticas e influxo de refugiados do país vizinho.

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