Forças da ocupação israelense invadirão a cidade palestina de Rafah, no extremo sul de Gaza, “mesmo que o mundo esteja contra nós, incluindo os Estados Unidos”, declarou nesta quinta-feira (21) o ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, segundo informações da agência de notícias Bloomberg.
“Vamos entrar e terminar o trabalho e qualquer um que não entenda isso não entende o nervo existencial do povo judeu [sic] que foi pressionado em 7 de outubro”, reafirmou Dermer em um podcast americano.
Dermer é aliado próximo do premiê Benjamin Netanyahu, que insiste na tese de uma “vitória absoluta”, incluindo ao invadir Rafah, na fronteira com o Egito, que abriga hoje 1,5 milhão de refugiados — de uma população total de 2,4 milhões de pessoas em Gaza.
Analistas alertam que Netanyahu teme o colapso de seu governo e eventual prisão caso se materialize um cessar-fogo em Gaza.
Declarações do premiê e outros líderes coloniais e aliados apontam para objetivos de guerra voltados à transferência compulsória dos palestinos de Gaza ao deserto do Sinai — crime de guerra e limpeza étnica.
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Lideranças israelenses devem viajar a Washington na próxima semana para tentar persuadir a administração do presidente Joe Biden a capitular a uma invasão a Rafah. Biden, sob recordes de rejeição em plena campanha eleitoral, busca dissuadir seu aliado.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro de 2023, em retaliação a uma ação transfronteiriça do Hamas que capturou colonos e soldados. Conforme o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.
Todavia, reportagens do jornal israelense Haaretz demonstraram que uma parcela considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de líderes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.
Em Gaza, são 31.923 palestinos mortos e 74.096 feridos desde 7 de outubro, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de pessoas desabrigadas pelas ações de Israel.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, emitida em janeiro, Tel Aviv impõe ainda um cerco absoluto contra a Faixa de Gaza — sem comida, água, remédios, energia elétrica ou combustível.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.