O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, propôs utilizar o “novo porto” de Gaza — promessa assistencial dos Estados Unidos, devido à fome generalizada no território palestino — como canal para retirar os palestinos da região, reportou a rádio militar Kan
Segundo as informações, Netanyahu expressou seus anseios durante reunião extraordinária do Comitê de Defesa e Assuntos Externos do Knesset (parlamento).
“O porto deve facilitar a saída dos palestinos de Gaza”, disse Netanyahu. “Não há obstáculo para que os palestinos saiam de Gaza, exceto a indisposição de outros países em aceitá-los”.
Diante da crise humanitária que assola o território, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu construir um píer temporário na orla de Gaza, a fim de ampliar o fluxo assistencial. De acordo com Biden, o porto permitirá um “aumento massivo no volume diário de ajuda humanitária que entra em Gaza”.
Analistas, no entanto, alertam que a medida é insuficiente, sobretudo após cerca de 25 pessoas morrerem de fome no território.
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Biden sofre recordes de rejeição em seu país em plena campanha à reeleição, disputada contra seu antecessor republicano, Donald Trump. Eleitores progressistas — cruciais à vitória de Biden em 2020 — citam o apoio a Israel como razão para se abster do voto.
Palestinos condenam veementemente as de transferência compulsória de Gaza, para anexação ilegal de Israel. Netanyahu insiste ainda em um ataque por terra à cidade de Rafah, que abriga 1,5 milhão de refugiados, na fronteira com o Egito.
Declarações de lideranças coloniais em Israel confirmam denúncias de que o objetivo da guerra é expulsar os palestinos de suas terras ancestrais, sobretudo ao deserto do Sinai.
Na rede social X (Twitter), comentou Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina: “Netanyahu revelou seus planos para o porto americano em Gaza, em depoimento ao Knesset, ao dizer que o porto será usado para expulsar os palestinos de Gaza. Netanyahu jamais desistiu de seus sonhos de absoluta limpeza étnica do povo palestino”.
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Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 31.988 mortos e 74.188 feridos, além de dois milhões de desabrigados. Bombardeios não abrigos, rotas de fuga, hospitais ou mesmo comboios assistenciais.
Um milhão de pessoas estão sob ameaça iminente de fome. Apesar de um mandado do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, Tel Aviv mantém ainda um cerco militar absoluto ao território mediterrâneo — sem comida, água ou medicamentos.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.