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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Sionistas invadem evento pró-Palestina na Unifesp de Guarulhos

Ato contra a guerra de Israel em Gaza, na Av. Paulista, em S.Paulo, em 04 de novembro de 2023 [Lina Bakr/Monitor do Oriente Médio]

Dois militantes sionistas, ligados à extrema-direita no Brasil, invadiram nesta quarta-feira (20) um evento pró-Palestina organizado por estudantes da Escola de Filosofia, Ciências Humanas e Letras (EFLCH) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na cidade de Guarulhos.

Um provocador do grupo político conhecido como Movimento Brasil Livre (MBL), com camiseta camuflada em alusão ao exército, invadiu a sala com uma bandeira de Israel.

Ao se dizer “conservador” e “cristão”, o militante extremista passou a gritar palavras de ordem religiosas e atacar os palestinos e estudantes solidários.

Alunos que realizavam o debate os convidaram a sair, porém sem aval. Após novas provocações, houve confronto e expulsão dos rapazes. Os jovens extremistas gravaram o incidente, ao alegar censura e agressão.

A prática, contudo, é modus operandi de membros do MBL, conhecidos por adotar esforços de importunação midiática, ao sabotar atos e incitar reações de ativistas progressistas. Segundo os relatos, trata-se da segunda invasão de militantes de extrema-direita ao campus.

O MBL surgiu em meados de 2014, como base de apoio “apartidária” à Operação Lava Jato, do ex-procurador e atual deputado, Deltan Dallagnol, e do ex-juiz e atual senador, Sérgio Moro.

O grupo é aderente ao thatcherismo e antipetismo. Sua base se estende a núcleos evangélicos, militaristas e do agronegócio.

Diversos membros passam por processos na justiça: em novembro de 2019, o porta-voz Thiago Dayrell foi autuado em flagrante por injúria racial contra uma cozinheira, em Belo Horizonte; em junho do ano seguinte, empresários ligados ao grupo foram detidos sob suspeita de lavagem de dinheiro.

Em 2017, palestinos foram agredidos em uma manifestação xenofóbica organizada pelo MBL e outros grupos na Avenida Paulista. A Polícia Militar deteve as vítimas. O ato defendia uma antiga lei da Ditadura Militar que criminaliza ações praticadas por imigrantes no Brasil.

LEIA: A hasbara sionista na grande mídia brasileira

Além de incidentes de racismo, o MBL é marcado por casos de misoginia.

Em março de 2022 — um mês após eclodir a invasão russa na Ucrânia —, o deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), co-fundador do MBL, foi flagrado em áudio fazendo comentários de teor sexista sobre as refugiadas da guerra.

“Elas são fáceis, porque são pobres”, disse do Val. “Essas cidades mais pobres são as melhores … Já estou comprando a passagem para o Leste Europeu para o ano que vem assim que chegar em São Paulo”, acrescentou.

Do Val comentou ainda que o coordenador do grupo, Renan Santos, possui o hábito de viajar à região para realizar turismo sexual, no que se referiu como “tour de blonde” (passeio das loiras): “Ele viaja só para pegar loira. Mas ele tem técnicas já, é avançado”.

Desde a deflagração da crise em Gaza, o grupo adotou uma postura de propagandista de guerra e porta-voz da ocupação. O MBL aderiu a um pedido de impeachment da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), sem base legal, contra o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por suas críticas ao genocídio.

Apesar de insistir na suposta representatividade judaica do Estado de Israel, o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), fundador do grupo, chegou a se declarar contrário à criminalização do nazismo no Brasil.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do movimento Hamas que capturou colonos e soldados. De acordo com o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.

No entanto, reportagens do jornal israelense Haaretz revelaram que uma parte considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de líderes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.

Em Gaza, são 31.923 palestinos mortos e 74.096 feridos, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de pessoas desabrigadas pelas ações de Israel.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, emitida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto contra a Faixa de Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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