O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, acusou Israel de impedir o fluxo de ajuda humanitária para Gaza.
Em uma carta endereçada a Alicia Kearns, presidente do Comitê Seleto de Relações Exteriores do Reino Unido, Cameron disse que “é uma enorme frustração” que a ajuda humanitária a Gaza tenha sido “rotineiramente retida à espera de permissões israelenses”.
Ele também contestou as afirmações feitas pelo ex-porta-voz israelense Eylon Levy, que foi suspenso, em relação ao fechamento da passagem de Karm Abu Salem (Kerem Shalom) no sul de Gaza aos sábados, a pedido da ONU.
A suspensão de Levy ocorre após uma disputa pública com Cameron no X. O ministro das Relações Exteriores pediu a Israel que permitisse a entrada de mais caminhões de ajuda em Gaza, ao que Levy respondeu: “Espero que você também saiba que NÃO há limites para a entrada de alimentos, água, medicamentos ou equipamentos de abrigo em Gaza e, na verdade, as passagens têm capacidade EXCESSIVA”.
“Teste-nos. Envie mais 100 caminhões por dia para Kerem Shalom e nós os colocaremos lá”, acrescentou.
Cameron escreveu em publicação, datada de 15 de março: “Em resposta às alegações do porta-voz israelense, posso confirmar que a ONU não solicitou que a passagem de Kerem Shalom fosse fechada aos sábados. Entendemos que Israel a fecha devido ao Sabbath”.
Desde o lançamento de sua última ofensiva em Gaza, em outubro de 2023, Israel tem apertado o cerco ao enclave sitiado.
As autoridades de ocupação alegaram que a ONU não está distribuindo ajuda de forma eficaz.
Entretanto, no texto, Cameron declarou: “Os principais obstáculos continuam sendo as recusas arbitrárias do governo de Israel e os procedimentos demorados de liberação, incluindo várias triagens e janelas estreitas de abertura durante o dia”.
Enfatizando a urgência de aumentar o número de caminhões de ajuda que entram em Gaza, ele reiterou o pedido para que Israel emita mais vistos para a equipe da ONU necessária para expandir a distribuição de ajuda, destacando que a Associação de Agências de Desenvolvimento Internacional relatou mais de 50 pedidos de visto pendentes.
“Concordo com o comitê que é vital aumentar o número de caminhões que entram em Gaza. Continuo seriamente preocupado com o fato de que qualquer ajuda – incluindo a ajuda do Reino Unido – tenha sido paralisada, atrasada ou rejeitada na fronteira com Israel.”
Grateful to @David_Cameron for such clarity in his response to my letter. He confirms, contrary to some claims:
– The UN has NOT requested the Kerem Shalom crossing be closed on Saturdays. Israel closes it due to the Sabbath.
– Aid not getting into Gaza due to “arbitrary… https://t.co/DTP0Vl5Ohz pic.twitter.com/cvrmdwRhOi
— Alicia Kearns MP (@aliciakearns) March 21, 2024
Em resposta, Kearns agradeceu a carta “clara e sincera” do secretário de relações exteriores.
Ela disse: “A carta de hoje confirma o que vimos e ouvimos em nossa visita à área de fronteira – que as recusas arbitrárias de Israel e os longos processos de liberação são fatores fundamentais para atrasar a entrega da ajuda”.
“Ela também confirma que Israel tem a capacidade e o poder de religar a água em Gaza e, até agora, optou por não o fazer. Se a fome continuar em sua trajetória atual, milhares de habitantes de Gaza perderão suas vidas. Isso é sofrimento em uma escala inimaginável”, acrescentou.
Israel é acusado de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ). Uma decisão provisória em janeiro ordenou que Tel Aviv assegurasse que suas forças não cometessem atos de genocídio e garantisse que a assistência humanitária fosse fornecida aos civis em Gaza.
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