O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, reuniu-se com seu homólogo israelense, Yoav Gallant, durante a visita deste a Washington DC, ocasião na qual reafirmou que as baixas civis na Faixa de Gaza são “altas demais”, um dia após seu governo permitir a aprovação de uma resolução por cessar-fogo imediato no Conselho de Segurança.
No começo do encontro com Gallant, nesta terça-feira (26), Austin observou ainda que o fluxo humanitário a Gaza continua “baixo demais”. “Gaza sofre uma catástrofe humanitária e a situação está ficando ainda pior”, declarou o chefe do Pentágono.
“Precisamos de aumentos imediatos no volume de assistência para evitar a inanição”, comentou Austin. “Nosso trabalho para abrir um corredor humanitário por mar deve ajudar, mas é fundamental expandir as remessas por terra”, acrescentou, em alusão às promessas americanas para construir um porto provisório em Gaza.
Organizações relevantes alertam que a medida é insuficiente, em particular, diante da continuidade do envio de armas americanas a Israel.
Na segunda-feira (25), o governo de Joe Biden demonstrou uma ligeira mudança de posicionamento no Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao se abster da resolução por cessar-fogo imediato, após três vetos deferidos em defesa de Israel.
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Os países — aliados estratégicos desde o advento de Israel, em 1948 — expressam divergências sobre uma invasão por terra à cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, na fronteira com o Egito, onde 1,5 milhão de refugiados estão abrigados. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste no ataque.
Tel Aviv respondeu à abstenção americana ao cancelar a viagem de uma delegação política a Washington, reforçando cisões entre as partes. Gallant, todavia, manteve seu itinerário particular para garantir remessas armamentistas e reforçar apoio estratégico.
Gallant disse na terça-feira planejar debater com lideranças em Washington formas de “assegurar as vantagens e capacidades militares” de Israel.
Os Estados Unidos insistem em proteger Israel, ao afirmar que a resolução do Conselho de Segurança seria “não-vinculativa”, embora a Carta das Nações Unidas determine expressamente o contrário. Nesta terça-feira (26), entretanto, a China enfatizou que decisões do órgão são obrigatórias a todos os Estados-membros.
Em tese, o descumprimento de Resoluções do Conselho de Segurança incorre em sanções e mesmo intervenções militares da comunidade internacional.
Contudo, nada indica que Israel cumprirá as medidas. Após 48 horas de ratificação do cessar-fogo imediato, com prazo de duas semanas, persevera a ofensiva a Gaza.
Ainda na segunda-feira, o Departamento de Estado dos Estados Unidos alegou receber garantias “críveis” de que os armamentos americanos em mãos israelenses não são empregues em qualquer violação das normas e leis internacionais. Contudo, não apresentou provas.
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Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado, confirmou no mesmo dia que a gestão Biden não chegou a uma “conclusão final” sobre eventuais violações de Israel. “Mas são avaliações que estão em curso”, indicou o porta-voz.
O governo tem de encaminhar um relatório ao Congresso até 8 de maio sobre a aplicação de armamentos de sua fabricação em países estrangeiros, incluindo Israel.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. Segundo o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.
Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que uma parcela considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de chefes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.
Em Gaza, são 32.490 palestinos mortos e 74.889 feridos desde 7 de outubro, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de pessoas desabrigadas pelas ações de Israel. Entre as fatalidades, são 13 mil crianças e quase nove mil mulheres.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.
Ao promover suas ações, ainda em outubro, Gallant descreveu os 2,4 milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”
A campanha israelense equivale a punição coletiva, crime de guerra e genocídio.