O ministro de Relações Exteriores da Irlanda, Michael Martin, confirmou apresentar ao gabinete uma proposta de intervenção a favor da denúncia sul-africana contra o genocídio israelense em Gaza no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de acordo com informações da agência Anadolu.
O Tánaiste (chanceler) deve levar o texto a seus colegas de governo nesta quarta-feira (27). Caso deferido, Dublin intervirá formalmente no processo realizado sob as prerrogativas da Convenção sobre Genocídio de 1948, ao apresentar seus argumentos a Haia.
Embora sem detalhes até então, Martin assegurou, durante um informe conduzido na última semana, que sua assessoria jurídica reuniu base para a ação de seu país.
O ministro enfatizou a jornalistas que a catástrofe humanitária em Gaza é exacerbada por ações de Israel, sobretudo a obstrução de assistência ao enclave palestino. Conforme Martin, medidas como essa impõem “destruição e danos consideráveis” à população civil.
Nos últimos meses, a Irlanda assumiu a vanguarda europeia nas críticas às ações de Israel, ao encontrar semelhanças entre a resistência e o sofrimento do povo palestino e sua própria história de ocupação e colonização sob o Reino Unido.
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Em uma decisão histórica de 26 de janeiro, a chamada Corte Mundial ordenou Israel a “assumir todas as medidas em seu poder” para prevenir atos que recaíam ao Artigo 2° da Convenção de Genocídio — isto é, crimes cujo intuito é destruir um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
Desde então, no entanto, Israel manteve seu cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.
Ao promover suas ações, ainda em outubro, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os 2,4 milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 32.490 palestinos mortos e 74.889 feridos, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, são 13 mil crianças e quase nove mil mulheres.
Organizações internacionais, incluindo agências das Nações Unidas e o Conselho de Segurança, pedem um cessar-fogo imediato em Gaza, incluindo acesso humanitário. Todavia, sem o aval de Israel. De acordo com a Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), a fome “está por toda a parte”.
Segundo dados recentes, ao menos 27 palestinos de Gaza já morreram de fome.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.