Cerca de 55% dos cidadãos dos Estados Unidos se opõem às ações militares de Israel em Gaza, com apenas 36% favoráveis, segundo uma nova pesquisa da agência Gallup. Trata-se de mudança significativa em relação à última pesquisa, de novembro, segundo a qual metade dos americanos aprovavam as medidas e 45% eram contrários.
A rejeição transcende ainda os partidos políticos, em plena campanha eleitoral, embora ambos os candidatos — Joe Biden (democrata) e Donald Trump (republicano) — defendam as operações israelenses em Gaza, seja em âmbito institucional ou retórico.
Entre eleitores democratas, o apoio a Israel desabou 18%, contra 7% entre os republicanos.
Ambos os presidenciáveis, no entanto, parecem corrigir a rota diante de uma corrida acirrada para as eleições de novembro.
Trump chegou a afirmar à imprensa que, apesar de aprovar as ações israelenses, é preciso “acabar a guerra”, ao reconhecer a queda de apoio internacional.
Na segunda-feira (25), o governo de Joe Biden demonstrou uma ligeira mudança de posicionamento no Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao se abster da resolução por cessar-fogo imediato, após três vetos deferidos em defesa de Israel.
LEIA: Por que tantos jovens judeus americanos são anti-sionistas
Os países — aliados estratégicos desde o advento de Israel, em 1948 — expressam divergências sobre uma invasão por terra à cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, na fronteira com o Egito, onde 1,5 milhão de refugiados estão abrigados. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste no ataque.
Tel Aviv respondeu à abstenção americana ao cancelar a viagem de uma delegação política a Washington, reforçando cisões entre as partes.
Os Estados Unidos, ainda assim, insistem em proteger Israel, ao afirmar que a medida seria “não-vinculativa”, embora a Carta das Nações Unidas determine o contrário. Na terça-feira (26), a China enfatizou que as resoluções do órgão são vinculativas — isto é, obrigatórias — a todos os Estados-membros.
Em tese, o descumprimento de Resoluções do Conselho de Segurança incorre em sanções e mesmo intervenções militares da comunidade internacional.
Contudo, nada indica que Israel cumprirá as medidas. Após 48 horas de ratificação do cessar-fogo imediato, com prazo de duas semanas, persevera a ofensiva a Gaza.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. Segundo o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.
Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que uma parcela considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de chefes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.
Em Gaza, são 32.490 palestinos mortos e 74.889 feridos desde 7 de outubro, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de pessoas desabrigadas pelas ações de Israel. Entre as fatalidades, são 13 mil crianças e quase nove mil mulheres.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.