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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Mídia israelense expõe advogada por trás de fake news sobre ‘estupro em massa’

Advogada israelense Cochav Elkayam-Levy em Jerusalém ocupada, em 23 de novembro de 2023 [Nicolas Maeterlinck/AFP via Getty Images]

O jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou uma reportagem expositiva na qual descreve a advogada israelense responsável pelas alegações de que combatentes do grupo palestino Hamas cometeram estupros em 7 de outubro como “fraude, enganando doadores”.

Em 21 de março, o Ministério da Educação galardoou Cochav Elkayam-Levy, professora de direito e ciências políticas da Universidade Hebraica, com o chamado Prêmio Israel no campo da Solidariedade.

Na ocasião, o ministro Yoav Kisch — ao ecoar esforços de propaganda de guerra — exaltou Elkayam-Levy por seu “trabalho na arena internacional para expor as atrocidades do Hamas” e “pilar de nossa luta por justiça e para confrontar os perpetradores”.

“O povo de Israel valoriza profundamente seu trabalho e expressa sua gratidão”, acrescentou.

Elkayam-Levy chegou às manchetes ao alegar ter fundado a chamada Comissão Civil sobre os Crimes do Hamas contra Mulheres e Criança. A partir de então, encabeçou uma incisiva campanha de desinformação na imprensa internacional que chegou ao New York Times, CNN, Rede Globo e Folha de S. Paulo.

Na segunda-feira (25), no entanto, a rede israelense Ynet News, filiada ao Yedioth Ahronoth, questionou publicamente a decisão do ministério.

“As pessoas se afastaram dela porque sua pesquisa é inexata”, declarou uma fonte do governo. O oficial citou esforços de Elkayam-Levy para disseminar relatos de “mulheres grávidas evisceradas — história provada como mentira, porém propagada à imprensa”.

“Não é brincadeira”, acrescentou a fonte. “Pouco a pouco, profissionais sérios começaram a se distanciar dela porque sua abordagem não é confiável”.

Previamente, Elkayam-Levy foi também exposta por divulgar imagens de mulheres curdas, que serviam a forças de resistência armada na região, mortas em combate, como mulheres israelenses supostamente mortas em 7 de outubro.

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Segundo a Ynet News, Elkayam-Levy cometeu fraude contra doadores e desviou recursos a sua conta pessoal. Neste ano, meses após o ataque transfronteiriço do Hamas, a advogada pediu US$8 milhões a sua “comissão civil” — inexistente —, dos quais US$1.5 milhão seria destinado a “gestão e administração”.

“Rahm Emanuel, embaixador dos Estados Unidos no Japão, realizou doações, assim como muitas outras pessoas, mas ela continuou a pedir recursos para palestras”, acrescentou a fonte. “Em um primeiro momento, ela era bem ativa e prestativa. Então, passou a descrever seu próprio trabalho como ‘comissão civil’. As pessoas ficaram confusas. Parlamentares americanos ligaram a Israel para saber do que se tratava — se Israel havia criado essa comissão?”

“A resposta é não”, concluiu a fonte. “Ela, e somente ela, é a comissão”.

Raviv Drucker, repórter da emissora de televisão Canal 13, ecoou as denúncias: “Eles mencionam a criação de uma ‘comissão civil’ para conscientizar o público. Vale notar que este nome, ‘comissão civil’, é bombástico. A comissão é ela. Ela é a comissão”.

Drucker citou que o comitê central do Prêmio Israel a condenou pelo chamado “Relatório dos Horrores” — um documento que compila inverdades sobre 7 de outubro, desmentidas posteriormente, incluindo as acusações de “estupro em massa”.

“Entretanto, perceberam que essa coisa de Relatório dos Horrores simplesmente não existe. Jamais foi escrito, nem por ela, nem por ninguém”, explicou Drucker. “Trata-se de uma carta que ela escreveu duas semanas após o episódio, mas é apenas uma coleção de manchetes, com somente algumas páginas. Não existe um relatório”.

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As diligências de Elkayam-Levy — para além do estelionato contra doadores particulares — se somam a uma campanha institucional de incitação ao genocídio e propaganda de guerra, voltada a justificar a brutal campanha militar israelense na Faixa de Gaza sitiada.

Entre as inverdades, estão supostas atrocidades desmentidas em campo, como “bebês degolados”, “bebês no forno” e outros relatos fantasiosos.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação à ação do Hamas que capturou colonos e soldados. De acordo com o exército israelense, aproximadamente 1.200 pessoas morreram na ocasião.

Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que uma parcela considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de chefes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.

Em Gaza, são 32.490 palestinos mortos e 74.889 feridos desde 7 de outubro, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de pessoas desabrigadas pelas ações de Israel. Entre as fatalidades, são 13 mil crianças e quase nove mil mulheres.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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