Resiliência entre as ruínas: Orações ecoam nas mesquitas destruídas de Gaza

Apesar da destruição em massa das mesquitas na Faixa de Gaza sitiada, os chamados às orações islâmicas (Adhan) ainda ressoam das casas de culto nos horários designados, em particular, durante o mês sagrado do Ramadã, reportou a agência de notícias Anadolu.

No norte de Gaza, o minarete da Mesquita de Al-Awda continua de pé, apesar de toda a estrutura ter sido destruída pelos bombardeios israelenses contra áreas civis, conduzidos de maneira quase ininterrupta há quase seis meses.

 Minarete entre as ruínas

 Ao redor do altivo minarete, há destroços por toda a parte, sobretudo os restos mortais da antiga mesquita. Construída há quase 50 anos, a mesquita — agora suas ruínas — se situa no campo de refugiados de Jabalia, no norte do território.

Durante o Ramadã — que começou em 11 de março e segue até a próxima semana, 9 de abril —, a mesquita se tornou mera lembrança aos residentes de Gaza, que costumavam frequentá-la para as orações da noite (Tarawih) e outras atividades de culto durante o mês em que jejuam.

Tradicionalmente decorada para as festas do Ramadã, neste ano, porém, as ruínas da mesquita deram um ar sombrio às atividades, com um tom de luto prevalente entre os fiéis.

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A mesquita costumava receber centenas de pessoas todos os anos, para as orações do pôr-do-sol (Maghrib), reunindo recitações do Alcorão e fornecendo refeições de desjejum (Iftar) às famílias de Gaza, empobrecidas pelos 17 anos de cerco militar israelense.

Ao lado das ruínas, o palestino Awwad Shurafa, de 55 anos, sente profunda tristeza devido aos locais de culto e residências que caíram vítimas dos implacáveis bombardeios de Israel.

“Costumávamos celebrar e decorar as mesquitas, agora tudo sumiu devido à guerra”, destacou Shurafa. “As forças da ocupação causaram destruição por toda a parte, demoliram nossas mesquitas e nossas casas, deslocaram e mataram nossos irmãos e irmãs, acabaram com a alegria do Ramadã”.

Shurafa recordou com notável pesas as memórias de Ramadãs passados na mesquita de Jabalia, repleta de devotos, que hoje parecem desvanecer sob a ocupação e a colonização.

 Orações em meio à destruição

 Não muito diferente, a Mesquita de Al-Mahatta, no bairro de Tuffah, na Cidade de Gaza, também foi completamente destruída pelos ataques israelenses. Não obstante, o chamado às orações continua a emanar em meio aos escombros.

Yasser Hassouna, de 23 anos, não hesita em visitar a mesquita para cada oração, onde realiza o chamado e recita o Alcorão, como forma de resistência.

“Diante do genocídio e dos ataques a nossos locais de culto, comparecemos todos os dias à Mesquita de Al-Mahatta para realizar nossas orações”, observou Hassouna. “Estamos determinados a vir à mesquita e chamar todos às orações, apesar da guerra genocida contra Gaza.

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A campanha israelense a Gaza matou 32 mil pessoas e feriu 75 mil — na maioria, mulheres e crianças. As ações de Israel são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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