O principal partido de oposição da Turquia venceu as eleições municipais em Istambul e Ancara, maior cidade e capital do país, respectivamente, impondo uma das maiores derrotas do presidente Recep Tayyip Erdogan e seu Partido Justiça e Desenvolvimento (AK) em mais de duas décadas.
As informações são da rede de notícias Al Jazeera.
Na noite de domingo (31), o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, do Partido Republicano do Povo (CHP), confirmou sua vitória por mais de um milhão de votos contra o candidato governista e ex-ministro, Murut Kurum.
“Aqueles que não entendem a mensagem do povo eventualmente perderão”, comentou Imamoglu, ex-empresários, a milhares de apoiadores. “Hoje, dezesseis milhões de cidadãos de Istambul enviaram uma mensagem tanto a nossos rivais quanto ao presidente”.
Na capital Ancara, o prefeito Mansur Yavas caracterizou sua reeleição por ampla margem — 60% dos votos, contra 31% do candidato governista, Turgut Altinok —, como “clara mensagem àqueles que governam o país”.
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O partido de oposição venceu também Izmir, Bursa e Antália, que completam o ranking de cinco maiores cidades da Turquia.
No total, o CHP prevaleceu em 36 das 81 províncias do país, reportou a agência estatal Anadolu, ao ampliar sua base de votos a tradicionais bastiões do partido de Erdogan.
Milhares de pessoas celebraram os resultados em Istambul.
Em discurso da varanda do palácio presidencial, Erdogan — que governa a Turquia desde 2002 — admitiu que seu partido “perdeu altitude” e prometeu autocrítica para retificar seus eventuais erros. “Corrigiremos os equívocos e avaliaremos as falhas”.
Imamoglu foi vitorioso em 2019, para seu primeiro mandato em Istambul — derrota considerável do governo justamente no colégio eleitoral do presidente, que conquistou espaço na política ao servir como prefeito na década de 1990.
As eleições de domingo se somam à crise, apesar de Erdogan ter sido reeleito à presidência no ano passado. A estratégia do governo era reassumir protagonismo nas áreas urbanas.
Em maio de 2023, Erdogan venceu o segundo turno das eleições ao executivo, para um terceiro mandato de cinco anos, após a campanha mais acirrada da história da República.
Cerca de 61 milhões de eleitores se registraram para votar na Turquia. Segundo analistas, as eleições municipais retratam tanto as divisas de apoio quanto a durabilidade das forças oposicionistas, diante de um contexto de inflação e crise cambial.
Sinan Ulgen, diretor do think tank Edam, radicado em Istambul, afirmou à rede Associated Press que o “resultado surpreendente” sugere uma espécie de punição das urnas sobre a política econômica de Erdogan, além de um “divisor de águas” ao prefeito de Istambul.
“Imamoglu é agora como candidato natural da oposição à presidência”, concluiu Ulgen.
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