Em um artigo de opinião provocativo, a jornalista e escritora israelense Amira Hass, conhecida por seus artigos no site Haaretz, afirmou que, apesar dos protestos em massa contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e dos apelos por um acordo de cessar-fogo, as ações diárias do público em geral em Israel demonstram apoio inabalável à ofensiva militar em curso em Gaza. Ela afirma inclusive que as pesquisas confirmam isso.
Hass aponta o envio persistente de jovens por suas famílias para a linha de frente; a participação de milhares de soldados israelenses em operações militares que envolvem “assassinatos em massa e destruição desenfreada em Gaza”; e a “bestialidade presunçosa” exibida pelos soldados em publicações nas mídias sociais como uma espécie de pesquisa diária que mostra o apoio ao esforço de guerra.
“A vontade inabalável dos pais de enviar seus filhos para matar e serem mortos, para ferir e serem feridos, e depois sofrerem a vida inteira com o pós-trauma, é uma resposta constante e imutável em uma pesquisa realizada diariamente”, escreveu Hass. “Os reservistas que correm entre as manifestações da Kaplan Street e as ruínas de Gaza ou seus céus, salpicados de bombardeiros ou drones predadores, também são entrevistados em uma pesquisa, cuja resposta é inequívoca.”
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Hass disse que esse apoio persiste mesmo quando muitos israelenses reconhecem que as políticas de Netanyahu são motivadas por interesses pessoais e não pelo bem nacional. Ela argumentou que há um consenso implícito entre o público israelense, refletido na “linguagem encoberta” da mídia, de que a guerra continua sendo a solução para o conflito israelense-palestino, independentemente da repulsa ao governo atual.
O artigo de Amira Hass, publicado no dia 1º de abril, aborda os ânimos israelenses no momento em que a ofensiva israelense em Gaza entra em seu sexto mês, com o número de mortos chegando a 33.000 e nenhuma solução diplomática clara à vista. Embora os protestos anti-Netanyahu tenham atraído grandes multidões, a análise de Hass levanta questões incômodas sobre a doutrinação da sociedade israelense e a profundidade do apoio a uma campanha que muitos estão chamando de genocídio.