O ministro do gabinete de guerra israelense, Benny Gantz, disse, na quarta-feira (10), que o Hamas foi derrotado militarmente e que o exército entrará em Rafah e voltará para Khan Yunis, informou um meio de comunicação israelense.
“Do ponto de vista militar, o Hamas foi derrotado. Seus combatentes foram eliminados ou estão escondidos e suas capacidades estão prejudicadas”, disse Gantz após uma reunião de seu partido Unidade Nacional na cidade de Sderot, no sul de Israel, segundo o Times of Israel.
“Entraremos em Rafah. Retornaremos a Khan Yunis. E vamos operar em Gaza. Onde quer que haja alvos terroristas”, acrescentou.
O Canal 12 de Israel informou que “discordâncias e discussões acaloradas” ocorreram entre o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e vários de seus ministros, de um lado, e o chefe do Estado-Maior do Exército, Herzi Halevi, de outro, com relação ao adiamento da operação militar na cidade de Rafah, no sul de Gaza.
O canal observou que “uma discussão acalorada eclodiu na reunião ampliada do Gabinete de Segurança na noite de terça-feira após a retirada do exército israelense de Khan Yunis e o atraso da operação em Rafah”.
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O Gabinete se reuniu no final da terça-feira no contexto de discussões sobre um acordo de troca de reféns e a retirada do exército israelense de Khan Yunis, disse o canal.
Durante a reunião, o ministro da Justiça, Yariv Levin, perguntou: “Como as forças podem se retirar de Khan Yunis antes do Eid al-Fitr?”
Halevi respondeu: “Concluímos a manobra lá e esgotamos nossos objetivos por enquanto, e queremos rejuvenescer as forças e nos preparar para Rafah”.
De acordo com o Canal 12, o ministro das Finanças, Israel Katz, interveio na discussão, dizendo: “Por que estamos esperando? Já deveríamos estar lá (em Rafah)”.
Netanyahu, que continua dependente de aliados de extrema direita para manter seu governo no poder, não ficou calado e se dirigiu a Halevi, dizendo: “Por que você não propôs inicialmente a entrada no sul e no norte?”, segundo o canal.
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Halevi respondeu, dizendo: “Com relação a Rafah, recomendo não discutir o momento da entrada. Quando o inimigo entender exatamente quando e como isso acontecerá, isso se traduzirá em baixas (para os soldados israelenses), mais dispositivos explosivos e casas com armadilhas”. Israel empreendeu uma ofensiva militar mortal contra a Faixa de Gaza desde um ataque transfronteiriço realizado em 7 de outubro pelo grupo de resistência palestina Hamas, que matou ao menos 1.200 pessoas.
Entretanto, desde então, foi revelado pelo Haaretz que os helicópteros e tanques do exército israelense haviam, de fato, matado muitos dos 1.139 soldados e civis que Israel alegou terem sido mortos pela Resistência Palestina.
Desde então, mais de 33.500 palestinos foram mortos e quase 76.000 ficaram feridos em meio à destruição em massa e à escassez de produtos de primeira necessidade.
A guerra israelense, agora no 186º dia, levou 85% da população de Gaza ao deslocamento interno em meio à escassez aguda de alimentos, água potável e medicamentos, enquanto 60% da infraestrutura do enclave foi danificada ou destruída, de acordo com a ONU.
Israel é acusado de genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) que, em janeiro, emitiu uma decisão provisória que ordenou que o país parasse com os atos genocidas e tomasse medidas para garantir que a assistência humanitária fosse fornecida aos civis em Gaza.