Sirenes de alerta foram acionadas em todo o território considerado Israel, além de Jerusalém e Cisjordânia ocupada, segundo informações da rede Al Jazeera.
O clima de apreensão sucede a confirmação de que drones e mísseis balísticos foram disparados por Irã contra Israel, em resposta a um bombardeio israelense a seu consulado em Damasco, na Síria, que resultou na morte de sete membros da Guarda Revolucionária.
O correspondente da Al Jazeera, Hamdah Salhut, confirmou “interceptações ativas” dos ataques em curso sobre os céus de Tel Aviv. Câmeras da agência internacional registraram flashes no céu noturno de Tel Aviv, Jerusalém e Cisjordânia.
O exército israelense emitiu um alerta a residentes das colinas de Golã, Nevatim, Dimona e Eilat para que permaneçam “perto de espaços protetivos até novo aviso”.
Nevatim abriga uma base aérea israelense. Há ainda um reator nuclear na periferia de Dimona. Eilat é lar de um porto no Mar Vermelho, no sul do território, em embate com rebeldes houthis no Iêmen desde a deflagração do genocídio em Gaza.
O movimento libanês Hezbollah declarou em seu canal do Telegram ter disparado “dezenas” de foguetes Katyusha contra quartéis nas colinas ocupadas de Golã.
Segundo as informações, uma primeira salva de mísseis atingiu o sul e norte de Israel, contudo, sem confirmações de baixas e feridos. O exército israelense alega que os disparos não atingiram o solo, interceptados pelo sistema antimísseis Domo de Ferro.
Contudo, espera-se disparos contínuos ao longo da madrugada, envolvendo também Hezbollah do Líbano, houthis do Iêmen, e grupos iraquianos ligados ao Irã. Analistas estimam que o intuito da primeira leva é sobrecarregar a defesa israelense para seguir com os ataques.
Conforme a Casa Branca, há possibilidade de “danos colaterais”, sobretudo na infraestrutura de navegação.
O ministro da Defesa iraniano, Mohammad Reza Ashtiani, emitiu um alerta aos países regionais para que não “abram seu espaço aéreo ou território aos ataques de Israel”, reportou a imprensa local. Uma fonte militar confirmou acompanhar as ações da Jordânia.
LEIA: Irã lança drones retaliatórios a Israel, segundo informações
“Caso participem de qualquer ação possível [em apoio a Israel], serão o próximo alvo”, alegou a fonte à rede semioficial iraniana Fars.
Segundo a missão de Teerã nas Nações Unidas, sua operação condiz com o Artigo 51 da Carta da Organização das Nações Unidas referente a “legítima defesa”, em resposta aos ataques de 1° de outubro em território sírio.
Conducted on the strength of Article 51 of the UN Charter pertaining to legitimate defense, Iran’s military action was in response to the Zionist regime’s aggression against our diplomatic premises in Damascus. The matter can be deemed concluded. However, should the Israeli…
— Permanent Mission of I.R.Iran to UN, NY (@Iran_UN) April 13, 2024
“Nossa ação militar é resposta à agressão do regime sionista contra premissas diplomáticas em Damasco”, declarou a missão na rede social X (Twitter). “A questão pode então ser considerada concluída. No entanto, caso Israel cometa um novo erro, a resposta será substancialmente mais severa. Este é um conflito entre Irã e Israel, do qual os Estados Unidos DEVEM FICAR LONGE!”
Israel permanece em alerta desde 1° de abril, muito embora não tenha reconhecido o ataque ao consulado. Teerã prometeu retaliação, alimentando apreensão de propagação da guerra.
Segundo o Pentágono, o exército israelense não coordenou a operação contra Damasco.
Na manhã deste sábado, comandos da Marinha iraniana apreenderam um navio de contêineres ligado a um oligarca israelense, perto do Estreito de Hormuz.
Neste mesmo contexto, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alegou preparo para um “ataque direto do Irã”. “Nossos sistemas de defesa estão posicionados”, insistiu Netanyahu. “Estamos preparados para qualquer cenário, seja em termos de defesa ou de ataque”.
Seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, afirmou “monitorar de perto os ataques”; contudo, sem maiores detalhes.
Após os pronunciamentos, Gallant e Netanyahu se retiraram a um bunker em Tel Aviv, para uma reunião urgente de seu gabinete de guerra.
Propagação da guerra
Nesta sexta-feira (12), o grupo libanês Hezbollah — aliado de Teerã — disparou uma bateria de foguetes ao território considerado Israel.
Israel realiza ataques diários ao sul do Líbano desde a deflagração do genocídio contra a Faixa de Gaza, incluindo mísseis de fósforo branco, substância proibida que causa queimaduras graves e danos ao meio ambiente.
A Síria instalou sistemas de defesa terra-ar e pôs bases estratégicas em alerta máximo, incluindo com mísseis Pantsir fabricados na Rússia em torno da capital Damasco. Fontes especulam uma contrarretaliação israelense a grupos paramilitar pró-Teerã radicados no país.
Além de Síria e Líbano, Israel bombardeia regularmente partes do Iraque e Iêmen.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do braço armado do grupo Hamas, que capturou colonos e soldados. De acordo com o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.
Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que parte considerável das mortes se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.
Em Gaza, são 33.634 mortos e 76.214 feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.