A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (EAU) recusaram abrir seu espaço aéreo a aviões dos Estados Unidos e de Israel que tentavam interceptar mísseis e drones lançados pelo Irã, no último sábado (13), em direção ao Estado da ocupação.
Segundo o Wall Street Journal, oficiais árabes reconheceram que ambos os países se limitaram a compartilhar informações de inteligência com Washington, após serem notificados da operação iraniana com 72 horas de antecedência.
Riad e Abu Dhabi alegam manter neutralidade sobre a escalada no Oriente Médio.
Os Emirados, não obstante, têm laços normalizados com Israel, incluindo acordos econômicos e militares. A Arábia Saudita, por sua vez, interrompeu negociações sobre a matéria desde a ação transfronteiriça do grupo Hamas, em 7 de outubro.
A Jordânia, no entanto, confirmou interceptar “objetos voadores” que atravessaram seu espaço aéreo e prometeu manter as medidas, embora sob pressão popular para que rompa as relações com o Estado ocupante, em vez de auxiliar em sua defesa.
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O rei Abdullah da Jordânia reiterou na terça-feira (16) que seu país não será “campo de batalha” a Irã e Israel e prometeu priorizar sua “segurança e soberania acima de todas as considerações”.
Ao repetir as palavras do monarca hachemita, em reunião com sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, em Berlim, o ministro de Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, afirmou que deve abater também todo e qualquer drone israelense que sobrevoe seu território.
Safadi instou a comunidade internacional a não permitir que a crise “roube atenção” de Gaza e confirmou comunicações com o Irã segundo as quais seu regime “não deseja escalar ainda mais a situação”.
No sábado (13), o Irã disparou uma bateria inédita de mísseis e drones ao território considerado Israel, em resposta a um ataque a seu consulado em Damasco, na Síria, alimentando receios de uma propagação regional do conflito.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu retaliar.
Desde a deflagração de seu genocídio em Gaza, deixando 34 mil mortos e 76 mil feridos em seis meses, Israel intensificou ataques a grupos pró-Teerã na Síria, Líbano, Iêmen e Iraque, além de consolidar uma violenta escalada colonial na Cisjordânia e em Jerusalém.
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Organizações internacionais pedem um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, incluindo acesso humanitário. De acordo com a Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), a fome “está por toda a parte”.
Em 25 de março, o Conselho de Segurança enfim aprovou uma resolução por cessar-fogo até o fim do Ramadã, sob abstenção dos Estados Unidos após três vetos em favor do Estado sionista. Tel Aviv, contudo, manteve os ataques, sem qualquer sanção ou contrapartida.
Apesar de uma determinação do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto contra a Faixa de Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.