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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Israel prepara evacuação de Rafah, mantém promessas de invasão

Refugiados em tendas improvisadas de Rafah, no extremo sul de Gaza, em 22 de abril de 2024 [Hani Alshaer/Agência Anadolu]

O exército israelense encomendou dezenas de milhares de tendas para a evacuação à força dos civis palestinos radicados em Rafah, no extremo sul de Gaza, a fim de enfim realizar seu ataque por terra contra o que alega ser o último bastião do Hamas no território sitiado.

Os preparativos foram confirmados por fontes israelenses nesta quarta-feira (24).

Incrustada na fronteira com o Egito, Rafah abriga hoje cerca de 1.5 milhão de pessoas, de uma população original de 300 mil pessoas.

Palestinos deslocados lutam para sobreviver em tendas em Rafah – Cartoon [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Israel insiste em prosseguir com uma operação por terra, apesar de alertas das Nações Unidas e mesmo de governos aliados.

Lideranças israelenses corroboram as intenções de transferência compulsória da população civil de Gaza ao deserto do Sinai, no Egito.

O governo no Cairo, chefiado pelo presidente e general Abdel Fattah el-Sisi, rejeita a medida, sob receios de alastramento da crise geopolítica e agravamento da crise socioeconômica em âmbito doméstico.

Após semanas de conversas com os Estados Unidos sobre supostas salvaguardas civis, o exército israelense adquiriu 40 mil tendas, cada qual com capacidade de dez a 12 pessoas, afirmaram as fontes. Vídeos online parecem mostrar cargas de tendas brancas a caminho de Khan Yunis, cinco quilômetros ao norte.

O Ministério da Defesa israelense, no entanto, recusou-se a comentar os relatos.

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Conforme fontes, o gabinete de guerra do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deve se reunir na próxima quinzena para autorizar a transferência compulsória da população civil, com prazo estimado de um mês, como primeira fase da varredura em Rafah.

Nesta terça-feira (23), o brigadeiro-general Itzik Cohen, comandante da 162ª Divisão das Forças Armadas, comentou a matéria na televisão israelense: “Atingimos o Hamas no norte e no centro da faixa. Logo o atingiremos também em Rafah”.

“O Hamas deve saber que quando o exército israelense entrar em Rafah, fará o seu melhor para rendê-lo. Rafah não será a Rafah de hoje”, ameaçou Cohen.

Também nesta quarta-feira, as forças da ocupação israelense anunciaram a mobilização de duas brigadas de reservistas para missões em Gaza.

Sob pressão externa e crise de relações públicas sem precedentes, Israel recusa um cessar-fogo até supostamente reaver colonos e soldados capturados em 7 de outubro e eliminar o Hamas, que administra Gaza. Analistas, no entanto, alertam que este objetivo é inalcançável.

Protestos domésticos pedem ainda uma troca de prisioneiros e a renúncia de Netanyahu e eleições antecipadas, ao denunciar seu governo por não priorizar a libertação dos reféns.

Netanyahu, por sua vez, teme que um cessar-fogo na Faixa de Gaza resulte na implosão de sua coalizão de extrema-direita, levando a sua substituição no poder executivo e eventual prisão, à medida que se defende de diversas acusações de corrupção.

Em discurso realizado na terça-feira (23), no 200° dia da agressão israelense, Abu Obaida, porta-voz do braço armado do Hamas, reiterou que Israel conquistou “apenas derrota e humilhação” em sua campanha em Gaza.

Israel afirma que 1.200 pessoas foram mortas por militantes do Hamas na ocasião da operação transfronteiriça de 7 de outubro de 2023, além de 253 indivíduos capturados. Destes, estima-se que 129 continuem em custódia.

Reportagens do jornal Haaretz, no entanto, confirmaram que parte considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes israelenses para atirar contra os reféns.

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Desde então, a campanha israelense deixou ao menos 34 mil mortos e 76 mil feridos na Faixa de Gaza, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de desabrigados. A maior parte das vítimas fatais são mulheres e crianças.

Para os refugiados de Rafah, um novo deslocamento à força parece iminente.

Aya (30), asilada com sua família em uma escola de Rafah, considera deixar a cidade, mas teme os perigos. Segundo Aya, algumas famílias fugiram a um campo de refugiados na cidade costeira de al-Mawasi, mas suas tendas foram incendiadas por projéteis israelenses.

“Tenho de tomar a decisão de deixar ou não Rafah porque minha mãe e eu temos medo de que a invasão pode ocorrer a qualquer momento e, quem sabe, não dê tempo de escapar”, declarou Aya. “Mas para onde nós vamos?”

H.A. Hellyer, pesquisador de segurança internacional no Royal United Services Institute (Rusi), think tank sediado em Londres, disse esperar um ataque a Rafah “mais cedo do que tarde”, devido à pressão política que se acumula sobre Netanyahu.

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“A invasão a Rafah me parece inevitável pela maneira com que [Netanyahu] retratou tudo isso”, comentou Hellyer. “Não obstante, caso realmente envie suas forças a Rafah, haverá, sim, muitas baixas”.

Conforme o Serviço de Inteligência do Estado do Egito, um avanço a Rafah levaria a “massacres em massa, perdas e destruição generalizada”.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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Palestina: quatro mil anos de história
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