O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, reiterou nesta terça-feira (23) que a paz mundial depende de uma resolução à questão palestina, ao insistir que a libertação do povo palestino é “prioridade máxima” de seu regime, segundo informações da agência Anadolu.
Raisi discursou a alunos e professores na Universidade Pública de Lahore, no seu segundo dia de visita ao Paquistão. Para o presidente iraniano, a questão palestina não é de interesse exclusivo da ummah — comunidade islâmica global —, tampouco da região, mas de todo o mundo.
De acordo com Raisi, desde a deflagração do genocídio em Gaza, a comunidade internacional e as Nações Unidas fracassaram em conter as “brutalidades” de Israel.
O presidente reafirmou posturas similares entre Irã e Paquistão sobre a Palestina, ao destacar a responsabilidade dos países de maioria islâmica sobre a matéria.
“Hoje, a libertação de Jerusalém não é assunto apenas de nosso mundo islâmico, mas de toda a humanidade”, observou Raisi. “A resistência do povo palestino certamente libertará Al-Quds Al-Sharif [o Nobre Santuário de Al-Aqsa] e toda a Palestina”.
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Para o terceiro e último dia de sua viagem, Raisi voou a Karachi, centro financeiro do país. Raisi visitou o mausoléu de Mohammad Ali Jinnah, pai fundador do Estado paquistanês, e participou de um evento na residência oficial do governador, no qual recebeu um doutorado honorário da Universidade de Karachi.
Em Lahore, visitou o mausoléu do poeta nacional, Allama Mohammad Iqbal.
Raisi chegou a Islamabad na segunda-feira (22), onde se reuniu com o presidente do Paquistão, Asif Zardari, o primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, e o chefe do exército, Asim Munir.
Ambos os países concordaram em aumentar o comércio bilateral a US$10 bilhões nos próximos cinco anos.
Propagação da guerra
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas, que capturou colonos e soldados.
Em 200 dias, são 34 mil palestinos mortos e 76 mil feridos pelos bombardeios israelenses, além de dois milhões de desabrigados. Entre as vítimas, estão 13.800 crianças.
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Israel também ataca quase diariamente territórios da Síria e do Líbano, além de áreas no Iraque e Iêmen, onde há concentração de influentes grupos pró-Teerã. No sul do Líbano, as tropas de Israel empregam armas de fósforo branco, substância proibida que causa queimaduras graves e danos ao meio-ambiente.
Em 13 de abril, o Irã lançou centenas de drones e mísseis a Israel, em resposta a um ataque aéreo israelense sobre seu consulado em Damasco, na Síria, que matou dois generais e cinco outros membros da Guarda Revolucionária. Trata-se de uma escalada inédita.
Teerã notificou previamente aliados de Israel, ao permitir a interceptação dos mísseis. Tel Aviv, no entanto, prometeu responder, apesar de esforços de mitigação da crise por Estados Unidos e Europa. A República Islâmica afirmou dar o assunto por encerrado.
Em ocasião à parte, entretanto, Raisi advertiu que, caso Israel cometa um novo “erro” contra a soberania ou território do Irã, a situação deve ser diferente, de modo que “nada deve restar do regime sionista”.
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“Um ataque direto ao território iraniano pode mudar radicalmente a dinâmica de nossa região”, alertou o presidente.
Sua retórica soma-se a apreensões da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), segundo a qual Teerã está a semanas — não a meses — de enriquecer urânio suficiente para desenvolver uma arma nuclear. A AIEA, todavia, reiterou que isso não equivale a intenções de guerra.
Para Rafael Grossi, chefe da AIEA, apesar das tensões regionais, os objetivos nucleares de Teerã permanecem como “especulação”.