As famílias dos prisioneiros de guerra israelenses mantidos na Faixa de Gaza voltaram a criticar duramente o governo do premiê Benjamin Netanyahu por seu fracasso em reavê-los, após 200 dias de guerra no enclave sitiado.
Netanyahu nega negociações por um cessar-fogo sob a alegação de exterminar o grupo Hamas e resgatar os reféns. Observadores, contudo, alertam que o verdadeiro objetivo militar em Gaza é o deslocamento compulsório da população nativa para anexar o território.
As novas críticas sucedem relatos da imprensa de que Yahya Sinwar, chefe do Hamas em Gaza, visitou áreas de confronto, onde encontrou-se com combatentes em campo.
Segundo os familiares, “Sinwar está nas ruas, enquanto os reféns perecem nos porões”, o que corrobora “um retrato do fracasso israelense”.
“Notícias da passagem de Sinwar pelas ruas de Gaza foram reportadas por fontes confiáveis de inteligência, ao confirmar que ele deixou os túneis, onde continuam os cidadãos sequestrados”, alegaram as famílias.
Conforme a denúncia, seus parentes detidos não são prioridade do governo, de modo “que não há redenção, tampouco vitória”.
Milhares de manifestantes novamente tomaram as ruas de Tel Aviv e outras cidades na noite de sábado (20), ao reivindicar a renúncia do governo e eleições antecipadas.
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Estima-se que 133 prisioneiros de guerra continuem em Gaza, contra cerca de dez mil palestinos detidos nas cadeias da ocupação — a maioria sem julgamento ou sequer acusação; reféns, por definição.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do braço armado do Hamas, que capturou colonos e soldados. De acordo com o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.
Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que parte considerável das mortes se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.
Em Gaza, são 34.262 mortos e 77.229 feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.