A nova Flotilha da Liberdade, que carrega assistência humanitária urgente à Faixa de Gaza, com intuito de romper o cerco israelense, continua impedida de zarpar da Turquia devido a pressão dos Estados Unidos.
A frota, que abarca três navios de carga com aproximadamente 5.500 toneladas de alimentos e outros bens essenciais, deveria partir do porto de Tuzla, perto de Istambul, nos últimos dias; no entanto, ainda sua equipe internacional ainda aguarda aval do governo turco.
Em postagem na rede social X (Twitter), a escritora e ativista americana Medea Benjamin, figura de destaque na iniciativa, pediu ajuda para pressionar Washington a liberar a jornada.
“Os Estados Unidos estão impondo imensa pressão sobre a Turquia para nos impedir de navegar a Gaza, com comida e remédios que são tão necessários”, comentou a autora. “Entretanto, não seremos dissuadidos”.
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Segundo Medea, em artigo publicamente recentemente, a melhor solução para a crise é que os navios “consigam chegar a Gaza e cumprir sua missão”; todavia, há chances de o “governo turco ceder à pressão de Israel, Estados Unidos e Alemanha, e impedir a partida”.
Com suas embarcações ancoradas em Istambul, “receamos que o presidente da Turquia [Recep Tayyip] Erdogan, que sofreu uma derrota nas eleições locais, sinta-se vulnerável a chantagens de cunho econômico postas pelas potências ocidentais”.
Medea alertou, porém, a um terceiro cenário, em alusão à pirataria cometida contra a iniciativa original de 2010, na qual dez ativistas foram mortos. “Seguimos viagem, mas somos abordados ilegalmente por israelenses em águas internacionais; apreendem nossos barcos e suprimentos; prendem a todos nós e eventualmente nos deportam”.
“A Flotilha da Liberdade entra agora em águas perigosas e desconhecidas”, acrescentou Medea. “Pedimos os países do mundo que pressionem Israel a permitir nossa passagem livre e segura rumo a Gaza”.
O ativista brasileiro Thiago Ávila integra a atual Flotilha da Liberdade.
Entre os integrantes está também Mandla Mandela, político sul-africano e neto do líder na luta contra o apartheid, Nelson Mandela.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 34.262 mortos e 77.229 feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então. Entre as fatalidades, cerca de 14 mil são crianças.
Oito mil pessoas estão desaparecidas — provavelmente mortas sob os escombros.
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Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.