Israel destruiu 160 estruturas da UNRWA em seis meses, confirma comissário-geral

Cento e sessenta estruturas da Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) foram “completamente destruídas” pelas ações israelenses em Gaza, relatou o comissário-geral da entidade, Philippe Lazzarini, nesta terça-feira (23).

Segundo seu alerta, ao menos 180 funcionários da UNRWA foram mortos por Israel nos últimos 200 dias.

Lazzarini destacou a catástrofe humanitária que assola a população civil de Gaza, incluindo fome generalização e receios sobre a disseminação de doenças, em particular, na região norte, devido ao acúmulo de resíduos, destroços e corpos.

A UNRWA tem recursos para manter operações até o fim de junho, reiterou Lazzarini. A situação melhorou relativamente pela retomada do envio de recursos de alguns Estados, após meses de uma denúncia infundada posta por Israel de que 12 funcionários da agência, do total de 30 mil pessoas, haviam participado do ataque do Hamas em outubro.

Os Estados Unidos — maior doador à UNRWA — se negam a reaver as doações, apesar de não haver provas ou detalhes sobre as alegações israelenses.

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A UNRWA foi estabelecida em 1949, pouco após a Nakba, ou “catástrofe”, quando foi criado o Estado de Israel mediante limpeza étnica, através da expulsão deliberada de 800 mil palestinos de suas terras ancestrais e da destruição de 500 cidades e aldeias.

A UNRWA presta serviços a 5.9 milhões de refugiados nos territórios ocupados da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, além de campos na Síria, Líbano e Jordânia.

Uma avaliação das Nações Unidas sobre as alegações israelenses confirmou nesta semana que a UNRWA tem protocolos “robustos” para garantir o cumprimento dos princípios de neutralidade do trabalho humanitário.

Segundo os peritos, Israel não apresentou evidências até então.

A análise foi coordenada pela ex-ministra de Relações Exteriores da França, Catherine Colonna.

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Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do braço armado do Hamas, que capturou colonos e soldados. De acordo com o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.

Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que parte considerável das mortes se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.

Em Gaza, são 34.262 mortos e 77.229 feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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