Shaima Alareer, filha do poeta e acadêmico palestino Refaat Alareer, foi morta por um ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza, nesta sexta-feira (26), cerca de quatro meses depois de seu pai ser assassinado de maneira similar.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Shaimaa Alareer, seu marido e seu filho pequeno foram mortos por um bombardeio israelense contra sua casa, no bairro de al-Rimal, na zona oeste da Cidade de Gaza”, confirmou uma fonte médica no Hospital al-Shifa — maior complexo de saúde do enclave sitiado, semi-operante após ataques israelenses em março.
“Os corpos dos três mártires foram trazidos ao hospital hoje, sexta-feira, após serem extraídos dos escombros de sua residência”, acrescentou a fonte.
Shaimaa, filha mais velha de um dos mais famosos autores e tradutores palestinos, casou-se a cerca de um ano e meio com o engenheiro Mohammed Seyam e deu à luz a seu primogênito há apenas quatro meses.
Refaat Alareer foi assassinado, junto de diversos membros de sua família, por um bombardeio israelense contra sua casa no bairro de Shujaiyya, em dezembro.
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Alareer é um dos mais proeminentes escritores palestinos contemporâneos, traduzido ao inglês e muitos outros idiomas, conhecido do público estrangeiro. Sua obra inclui centenas de artigos publicados por redes árabes, europeias e americanas.
Por muitos anos, Alareer lecionou literatura e poesia inglesa na Universidade Islâmica de Gaza e foi um dos fundadores da iniciativa “Não somos números”, que reuniu escritores palestinos com mentores no exterior para ajudá-los a escrever e publicar em inglês.
O assassinato de Alareer, conduzido por ataques abrangentes contra o bairro onde residia, junto da destruição de universidades e bibliotecas de Gaza, é denunciado como parte de uma política deliberada de Israel de memoricídio.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 34.262 mortos e 77.229 feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então. Entre as fatalidades, cerca de 14 mil são crianças.
Oito mil pessoas estão desaparecidas — provavelmente mortas sob os escombros.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.