Estudantes obstruíram o acesso ao prestigioso Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), em solidariedade a Gaza, ao reivindicar da universidade que condene as ações de Israel. A ação direta parece levar as manifestações pró-Palestina que tomaram corpo nos campi de todo território dos Estados Unidos para além do Oceano Atlântico.
Os estudantes gritaram palavras de ordem e estenderam bandeiras palestinas na entrada e nas janelas do edifício. Muitos dos manifestantes usavam o keffieyh, tradicional lenço palestino.
“Quando vemos o que está acontecendo nos Estados Unidos, e agora na Austrália, alimentamos a esperança de que esse movimento também pegue na França. Afinal, o mundo acadêmico tem um papel a desempenhar”, comentou Hicham, de 22 anos, mestrando em estudos humanitários e direitos humanos na instituição francesa.
“Esperamos que se espalhe a todas as universidades e ainda além”, comentou Zoe, de 20 anos, mestranda em gestão pública na Sciences Po. “Não vamos desistir até que acabe o genocídio na Faixa de Gaza”.
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Em carta a professores, o diretor interino da universidade, Jean Basseres, rechaçou o bloqueio.
Na noite de quarta-feira (24), Basseres confirmou que a polícia removeu um primeiro grupo de estudantes. Em seguida, alegou conversar com representantes discentes para tentar encontrar uma solução às crescentes manifestações.
Nos Estados Unidos, centenas de estudantes foram presos por tropas de choque que invadiram os campi, após protestos pró-Palestina se espalharem por todo o país. Uma professora foi presa e agredida em Atlanta, no estado da Geórgia.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 34.262 mortos e 77.229 feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então. Entre as fatalidades, cerca de 14 mil são crianças.
Oito mil pessoas estão desaparecidas — provavelmente mortas sob os escombros.
Os governos de Estados Unidos e França conservam apoio a Tel Aviv.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.