Em relatório divulgado neste mês, o Crescente Vermelho do Egito estimou atender 70.060 refugiados palestinos no país norte-africano, sobretudo feridos pelas ações israelenses em Gaza.
O número deve crescer sem um cessar-fogo, à medida que o exército ocupante parece se preparar para consolidar seus planos de invasão a Rafah, na região de fronteira, no extremo sul do enclave sitiado, onde 1.5 milhão de pessoas estão abrigadas após 200 dias de genocídio e deslocamento à força.
De acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), palestinos e outros têm dificuldade para encontrar emprego ou alugar um imóvel, além de outros empecilhos de burocracia.
O Crescente Vermelho estimou ainda 32 hospitais e 165 centros de saúde inoperantes em Gaza devido a bombardeios diretos por parte de Israel, que obrigou milhares de pessoas a atravessarem a fronteira em busca de tratamento no exterior.
Em 23 de abril, o governo militar do Egito apresentou um “plano de emergência” caso o ataque por terra a Rafah se materialize.
Segundo relatos, hospitais da região administrativa do Suez serão evacuados para receber os feridos e folgas dos funcionários serão canceladas.
O departamento voltado à questão palestina no Ministério de Relações Exteriores do Egito também está trabalhando sem interrupções.
Em 17 de abril, oficiais de inteligência de Israel e Egito se reuniram; contudo, sem acordo. O Cairo deve tentar uma última negociação nas próximas semanas, conforme proposta comandada pelo chefe de inteligência Abbas Kamel, incluindo libertação dos prisioneiros de guerra em Gaza em troca de presos políticos nas cadeias da ocupação.
O plano deve incluir ainda um cessar-fogo de um ano.
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O Egito repudia declarações de lideranças israelenses que corroboram objetivo militar de transferir compulsoriamente a população de Gaza — 2.4 milhões de pessoas — ao deserto do Sinai. O regime teme repercussões socioeconômicas, ao agravar sua crise.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 34.448 mortos e 77.643 feridos, além de dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, cerca de 14 mil são crianças.
Oito mil pessoas estão desaparecidas — provavelmente mortas sob os escombros.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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