Na última sexta-feira, a Mesquita Abu Baker Assadik de São Bernardo do Campo foi invadida por um estranho à religião durante a reza sagrada, gritando ofensas e dizendo que estava ali para “expulsar os demônios”.
De acordo com uma das testemunhas, havia na Mesquita aproximadamente 700 pessoas entre jovens, idosos, mulheres e crianças. O susto foi grande mas a polícia, que tem delegacia próxima, foi acionada e chegou rapidamente ao local. O homem de 34 anos foi detido e levado ao 1º Distrito Policial, onde a ocorrência foi registrada.
O Sheikh Jihad Hammadeh, ouvido pela TV ABC, disse que “apesar deste triste evento, continuamos a pregar a união e a harmonia entre todas as religiões da nossa sociedade, do Brasil”.
.A Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras) repúdio a invasão e considerou o ato “ inadmissível porque o agressor desrespeitou um momento de comunhão e orção num espaço sagrado para os muçulmanos.”
Em nota publica, a Fambras declarou condenar ataques de qualquer tipo a todas as religiões e seus templos e afirmou que as diferenças religiosas são importantes para o exercício do respeito e da tolerância. Citando a Constituição brasileira que assegura liberdade para os cultos religiosos e garante a proteção aos locais culto, a federação pede a responsabilização do invasor de acordo com a lei.
Intolerância religiosa no Brasil
A intolerância religiosa chega a um terço (33%) dos processos por racismo em tramitação nos tribunais brasileiros, segundo levantamento da startup JusRacial divulgados em janeiro de 2024. A organização identificou 176 mil processos por racismo em todo o país.
No Supremo Tribunal Federal (STF), a intolerância religiosa corresponde, de acordo com o levantamento, a 43% dos 1,9 mil processos de racismo em tramitação na corte. Nos tribunais estaduais foram identificados 76,6 mil processos relacionados ao tema, sendo que 29,5 mil envolvem religião.
O Tribunal de Justiça de São Paulo, com quase 6,5 mil processos, tem o maior número de casos de racismo religioso. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais tem o maior número de casos de racismo – 14,1 mil -. Desses, 6,3 mil envolvem a espiritualidade de matriz africana. Os tribunais regionais do trabalho reúnem 19,7 mil processos relacionados ao racismo religioso.