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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Campanha de brasileiras lança seis apelos internacionais de mulheres pela Palestina

Mulheres tunisianas carregam faixas e bandeiras palestinas em uma manifestação de solidariedade e apoio aos palestinos, protestando contra os ataques israelenses a Gaza a pedido da União dos Juízes Tunisinos, em frente ao Palácio da Justiça em Túnis, Tunísia, em 20 de outubro de 2023. [Yassine Gaidi – Agência Anadolu]

A União Brasileira de Mulheres ( UBM) , ao lado do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz (Cebrapaz) e da  Federação Democrática Internacional de Mulheres(FDIM), iniciaram uma campanha de solidariedade, protesto e exigências em foco na situação das mulheres palestinas sob ataque israelense.

Em manifesto, as entidades lembram que a história da resistência palestina está repleta de nomes de heroínas, ativistas que se recusaram a permanecer caladas ou inativas enquanto a Palestina era colonizada. E agora precisam da solidariedade internacional urgente, “porque têm sido, junto com as crianças, mais de 70% das pessoas assassinadas por Israel”.

As entidades querem um cessar-fogo permanente em Gaza, permitir a entrega e assistência de ajuda humanitária, o reconhecimento do “Estado Palestino” com o fim da ocupação israelense e um acordo de paz justo.

A partir da iniciativa internacional de escuta ativa intitulada “Mulheres Palestinas, o Pilar da Resistência” , as brasileiras definiram uma agenda de ações imediatas e mobilizações imediatas, tomando também posição contra as “mentiras veiculadas pela propaganda sionista na grande imprensa que vem distorcendo os fatos e a realidade da legítima e justa causa pela emancipação e pelo direito à autodeterminação do Povo Palestino”.

A escuta ativa de “Mulheres Palestinas, o Pilar da Resistência” já reúne  97 organizações mobilizadas de 30 países em cyberação internacional: África do Sul, Argentina, Bolívia, Brasil, Cabo Verde, Camarão, Chile, Colômbia, Cuba, El Salvador, Equador, Espanha, Etiópia, EUA, Gana, Guatemala, Guiné Bissau, Itália, Líbano, México, Namíbia, Nigéria, Paquistão, Peru, Porto Rico, Portugal, Rússia, Sudão, Togo, Venezuela. Desse processo, foram identificados seis preocupações internacionais que se transformaram em apelos divulgados agora pela campanha das entidades brasileiras

Os seis apelos

1º Apelo: Pelas mulheres assediadas e encarceradas

  1. O exército israelense, de forma firme e diária, está a implementar políticas de retaliação e vingança contra mulheres e meninas palestinas, praticando espancamentos, vandalismo doméstico e humilhação, sem ter em consideração sua privacidade com a invasão de casas, especialmente das mulheres palestinas que foram detidas e recentemente libertadas;
  2. Manifestamos o nosso objetivo de promover uma mobilização feminista para apoiar as mulheres palestinas, expor os crimes cometidos contra elas pela ocupação e exercer pressão contra governos e parlamentos para assumirem a responsabilidade pela negação dos direitos das mulheres na Palestina, considerando que, recentemente, houve uma escalada nas detenções de mulheres e meninas palestinas, com base em tendências político-ideológicas retaliatórias e para usá-las como reféns;
  3. É preciso mencionar que existem atualmente 81 mulheres detidas em prisões israelenses, a maioria delas na prisão de Damoun, em condições precárias de saúde, sem assistência médica e em risco de vida.

2º Apelo: Ao fim do fornecimento de armas para Israel

  1. O fornecimento contínuo de armas e munições dos Estados Unidos e de países aliados a Israel, encorajando-o a travar guerra e ações agressivas, e comprometendo-se a protegê-lo militar e politicamente, sempre encorajará Israel a ir mais longe nos seus crimes, que aumentaram gradativamente em nível de genocídio;
  2. Apelamos às organizações e ativistas de direitos humanos, humanitárias e de direitos civis ativas nos países do Norte Global para seguirem o exemplo dos seus homólogos franceses ao apresentarem uma ação judicial contra os governos europeus que apoiam Israel com armas, responsabilizando-os por apoiarem Israel nos seus crimes e obrigando-os a deixarem de exportar armas e munições para Israel e a absterem-se de fornecer cobertura política para os seus crimes;
  3. Exigimos o rompimento dos governos com os contratos de armas e munições, de consultorias e de prestação de serviços em segurança pública e de gestão ambiental com o Estado de Israel, a exemplo dos contratos em parceria do Brasil e da Argentina, na região da Patagônia, de administração em gestão hídrica e de saneamento básico com a Mekorot (a principal agência nacional de água de Israel).

3º Apelo: Ao congelamento das Relações Diplomáticas

  1. Apelamos à opinião pública internacional para pressionar a autoridade ocupante a evitar uma catástrofe em Rafah, num momento em que o exército de ocupação israelense continua seu ataque sangrento a todas as áreas da Faixa de Gaza destruída e da Cisjordânia, incluindo Jerusalém ocupada;
  2. Ao dirigirmos este apelo ao Governo Brasileiro e às lideranças da América Central, Latina e o Caribe, assim como à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, entre outros que mantenham relações diplomáticas com Israel, exortamo-los a congelarem suas relações com Israel a fim de evitar a invasão de Rafah e um confronto militar que possa escalar para uma guerra contra o Irã. Qualquer país que mantiver relações diplomáticas com esta entidade, que, nas atuais circunstâncias, ameaça a existência palestina e toda a segurança nacional árabe, manchará sua imagem. Suspender relações com um país que viola as normas do direito internacional é um dever ético e moral dos Estados.

4º Apelo: À resistência da classe trabalhadora

  1. Convocamos ativistas e organizações de todo o mundo para estabelecer que o dia 01 de Maio de 2024, Dia Internacional dos Trabalhadores, seja o “Dia dos Trabalhadores da Resistência Palestina”, visando destacar a necessidade de defender a resistência palestina em seu direito de lutar por sua libertação, fortalecendo-a em um nível superior contra a opressão aos trabalhadores de todo o mundo;
  2. Fazemos este apelo neste momento decisivo da revolta do mundo em desenvolvimento contra o imperialismo norte-americano e dos países do Norte para afirmar que o caminho para o movimento operário se restabelecer à escala global como um agente de transformação revolucionária é aliar-se corajosamente às lutas de libertação do Sul Global e mobilizar os trabalhadores para este objetivo.

5º Apelo: Pela liberdade de imprensa e de comunicação

  1. O Comité das Liberdades do Sindicato dos Jornalistas Palestinos denunciou que Israel continua a visar e a fechar instituições de comunicação social em Jerusalém ocupada, enquanto insistem na decisão de impedir os canais por satélite de TVs de operarem em Jerusalém, além da proibição de jornalistas de trabalharem na cobertura de imprensa em Jerusalém, nos arredores da Mesquita de Al-Aqsa, na Cisjordânia Ocupada e principalmente em Gaza, onde os jornalistas têm sido alvos deliberados de assassinatos e ataques sistêmicos, inclusive contra suas famílias, com a destruição de equipamentos de trabalho e de suas casas;
  2. É fundamental apoiar e subsidiar jurídica e diplomaticamente o Sindicato dos Jornalistas Palestinos em seus esforços e demandas incansáveis para processar Israel pelos seus crimes contra o assassinato, a agressão e o impedimento do exercício da atividade jornalística na Palestina em todos os níveis, regional e internacional, denunciando os seus crimes no âmbito dos requisitos legais dos tribunais para crimes de guerra e tribunais internacionais, uma vez que a liberdade de imprensa e de expressão é pedra angular dos direitos humanos; são princípios que devem ser respeitados.

6º Apelo: Pela liberdade acadêmica e científica

  1. A Professora Shalhoub-Kevorkian foi presa pela polícia israelense, em 18 de abril de 2024, sob suspeita de incitação ao terrorismo e à violência por causa de sua posição inabalável contra o genocídio em Gaza e sua análise perspicaz do colonialismo de colonos israelenses e sua violência racializada;
  2. Sua prisão, quando sofreu tortura psicológica e maus tratos, segue-se a uma campanha contínua de assédio, incluindo uma carta exigindo que ela se demitisse da Universidade Hebraica de Jerusalém por assinar uma declaração de cessar-fogo. O tratamento, nas prisões israelenses, em detenções de intelectuais e acadêmicos, exemplificam um padrão sistemático de “educicídio” contra acadêmicos e locais de ensino palestinos. Além disso, o fato de uma acadêmica de renome internacional estar a ser detida e perseguida desta forma serve para produzir um efeito inibidor na liberdade acadêmica e na solidariedade com a Palestina.
  3. Apelamos para que cortem todos os laços e cessem todas as colaborações e projetos conjuntos de qualquer tipo com as universidades e institutos de pesquisa que mantenham esse padrão persecutório contra acadêmicos, intelectuais e estudantes/pesquisadores até que ponha fim às suas cumplicidades de décadas com a ocupação israelense e no sistema de apartheid em defesa das liberdades acadêmicas e cientificas.

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