A propaganda sionista segue a todo vapor, agora para tentar lavar a imagem genocida de Israel perante o mundo. A bola da vez é o uso cínico e abjeto de uma das maiores tragédias climáticas da história do Brasil, resultante de privatizações, desinvestimento e descaso do poder público: as inundações que afetam 345 dos 496 municípios do Rio Grande do Sul, entre os quais a capital Porto Alegre, com milhares de mortos e desabrigados.
Enquanto Israel segue com o genocídio em Gaza por mais de sete meses, tendo impedido inclusive a entrada de alimentos e purificadores de água enviados pelo Brasil, agora anuncia o envio de seus purificadores de água para o Rio Grande do Sul. Mais uma ação de aid washing (algo como lavar sua imagem criminosa de ajuda humanitária). Um uso político da dor dos gaúchos, que, para Israel, que não tem qualquer apreço com a vida humana, se converteu em mais uma oportunidade de passar a imagem de “bom moço”.
Mas desta vez está escancarada a verdadeira face de Israel: genocida, racista, colonial. Como não poderia ser diferente, apesar disso, as manchetes dessa grande mídia cúmplice do genocídio são da tal ajuda de Israel ao enviar seus purificadores de água.
Para o marketing do genocídio, serve inclusive fake news nas redes sociais de bolsonaristas-sionistas. Conforme a Reuters Fact Check, de 10 de maio, um “vídeo de aviões sobrevoando uma área verde não mostra aeronaves israelenses chegando ao Brasil para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O conteúdo circula na internet pelo menos desde 2022”. Até o áudio utilizado na postagem é falso. A checagem de fatos continua: “Até esta sexta-feira, não havia informações sobre a presença de militares israelenses na assistência às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.”
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Quanto ao anúncio de que Israel enviaria purificadores de água, o próprio Ministério das Relações Exteriores do Brasil respondeu à Reuters Fact Check que só “foram concretizados apoios oferecidos pela Argentina e pelo Uruguai, e futuras operações serão comunicadas tão logo confirmadas”.
Além do crime de impedir a entrada em Gaza inclusive de purificadores de água portáteis, que funcionam com placas solares, provenientes do Brasil há alguns meses e condenar à morte por fome, sede e doenças infecciosas milhões de palestinos na estreita faixa – enquanto segue a atirar bombas sobre suas cabeças –, Israel anuncia algo que sequer coordenou com o governo federal, portanto não havia, até o fechamento deste texto, qualquer confirmação oficial.
Tecnologia nacional
O Brasil tem tecnologia inovadora para garantir aos rio-grandenses os purificadores de água, desenvolvida pela startup PWTech junto a duas instituições públicas de excelência – a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade de São Paulo (USP), sem precisar dessa ajuda fake que só serve para a tentativa sionista de lavar sua imagem genocida – em meio à carnificina transmitida ao vivo, em tempo real.
Já chegaram inclusive, em 8 de maio último, ao Rio Grande do Sul 220 desses purificadores brasileiros, que são referência internacional para ajuda humanitária. Cada um deles filtra 50 mil litros de água por dia, segundo reportagem no UOL, do dia 9, o que permitirá “produzir mais de um milhão de litros de água potável por dia”.
Além disso, esses purificadores têm especificidades que garantem o uso em condições como a do Rio Grande do Sul. Conforme reportagem publicada pelo UOL, de 23 de abril último, sobre essa tecnologia nacional, o “PW5660 pesa 18kg. Tem 80cm de largura por 50cm de altura e 40cm de profundidade. É portátil, podendo ser levado para áreas remotas. Funciona com elétrica — fotovoltaica ou por gerador automotivo. O equipamento é capaz de transformar água doce proveniente da chuva, açudes, lagos, poços e represas em água potável. Para isso, ele elimina 100% de vírus e bactérias e reduz em mais de 95% a turbidez da água […]”. São os purificadores enviados para Gaza, mas barrados na fronteira.
Por parte de Israel, que não tem nenhum apreço pela vida humana e ainda usa tragédias para encobrir suas atrocidades, trata-se apenas de uma propaganda: a mesma aid washing israelense em relação a Brumadinho, Minas Gerais, em janeiro de 2019, com tecnologias apresentadas como para salvar vidas, mas que na prática – como confirmado pelo comandante das operações de resgate lá – não tinham eficácia para aquele tipo desastre.
A verdadeira solidariedade vem de palestinos, com destaque para os que vivem em estados do Rio Grande do Sul, num gesto emocionante, de sublimarem suas próprias perdas e dor em meio ao genocídio de seu povo para se dedicar a ajudar a população gaúcha.
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