Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

O complexo empresarial de defesa sionista e o Brasil

A Frente Povo Sem Medo realizou uma ação simbólica de denúncia em frente à empresa AEL, em Porto Alegre, na manhã desta terça-feira (14) - Foto: Comunicação MTST
A Frente Povo Sem Medo realizou uma ação simbólica de denúncia em frente à empresa AEL, em Porto Alegre, na manhã desta terça-feira (14) - Foto: Comunicação MTST

Estamos diante de um paradoxo. O atual governo federal tem uma postura crítica diante do Estado Sionista e a Ocupação da Palestina. Poderia ser mais incisivo, mas é substancialmente melhor do que o alinhamento vulgar do não governo de Jair Bolsonaro e seus asseclas. Ainda assim, existe uma cobrança justa, real e necessária para caminharmos no rumo da ruptura de relações com o Apartheid. Para tal, é necessário romper os contratos – suspender, não cumprir, sustar – com os conglomerados econômicos vinculados a Tel Aviv e interromper os processos em andamento.

Os obuseiros da Elbit

Segundo o portal Poder 360, na segunda 29 de abril do corrente ano, o Exército Brasileiro havia anunciado – internamente – que o grupo israelense Elbit Systems venceu a licitação da corporação para o fornecimento de 36 viaturas obuseiras 155mm –um veículo com um canhão de grande alcance.

O acordo incluiu compra de equipamentos, manutenção, fiscalização e treinamento de pessoal. Os 2 primeiros veículos devem chegar até 2025 para testes. Se aprovados, um contrato será (seria) assinado para o fornecimento dos outros 34 sistemas, a serem entregues até 2034. Para a força terrestre, a escolha inicial seria por “critérios técnicos”.

Além da postura colonialista e subalterna, ao aceitar a concorrência de empresa do complexo militar do Apartheid Sionista, a fórmula da compra seria (ainda pode vir a ser) ainda pior. O Exército Brasileiro pretende vender uma área dentro do Distrito Federal (o Pátio Ferroviário) e com essa alienação de patrimônio, mandar os recursos para os europeus que ocupam a Palestina. Como se não bastasse, a venda do terreno também servirá para construir uma nova escola de sargentos, em Pernambuco, em área de proteção ambiental.

Já na quarta 08 de maio, segundo o jornalisya Marcelo Godoy, o Exército havia decidido adiar a assinatura do protocolo do contrato inicial que prevê a aquisição de 36 viaturas blindadas de combate, conhecidas como obuseiros de calibre 155 mm autopropulsados sobre rodas (VBCOAP-SR). Como se sabe, a vencedora da licitação, que pode chegar a R$ 750 milhões, foi a empresa israelense Elbit Systems – e suas subsidiárias brasileiras Ares Aeroespacial e Defesa e AEL Sistemas – que ofereceu o sistema Atmos 2000 para o Exército Brasileiro equipar suas unidades de artilharia.

LEIA: Com aprovação de Lula, Exército vai comprar blindados de Israel até 2034

De acordo com o comando da Força Terrestre, a ação foi necessária para reavaliar o processo junto ao departamento jurídico do Ministério da Defesa, devido a mudanças ocorridas na etapa final do processo de seleção da licitação. A intenção seria esclarecer as justificativas técnicas que levaram à escolha da grande empresa de defesa israelense. O protocolo possibilitaria a entrega de um lote inicial de dois obuseiros, que seriam submetidos a testes por dois anos.

Somente após a aprovação definitiva do equipamento, o contrato final seria firmado para a entrega das 34 unidades restantes. “Curiosamente”, em dois anos estaremos em ano eleitoral para a Presidência e há alguma possibilidade do conflito contra o povo palestino e o genocídio em Gaza játer sido interrompido ou arrefecido. Já a Argentina, sob a nefasta presidência do sionista e colonizado Javier Milei, protocolou a compra do mesmo material bélico.

Agora, imaginemos uma compra de material bélico da África do Sul na era do Apartheid por parte do Brasil. Um absurdo, certo? E qual a diferença substantiva do governo do ex-premiê suafricano Marais Viljoen para o gabinete do criminoso de guerra, Benyamin Netanyahu? Simplesmente, nenhuma.

A subsidiária da Elbit no Brasil

Localizada em Porto Alegre, na Avenida Sertório 4400, zona norte da capital gaúcha, a AEL Sistemas é a subsidiária do grupo Elbit no Brasil. Segundo o site oficial da empresa, esta se define como:

“Inovação e tecnologia para a defesa nacional

A AEL Sistemas é uma empresa brasileira, situada em Porto Alegre que dedica-se ao projeto, desenvolvimento, fabricação, manutenção e suporte logístico de sistemas eletrônicos militares e espaciais, para aplicações em plataformas aéreas, marítimas e terrestres. Capacitada para o fornecimento, projeto e desenvolvimento de aviônicos, sistemas terrestres e sistemas para segurança pública, a empresa também participa de diversos programas da indústria espacial.

Considerada um centro de excelência em tecnologia de defesa, desde 2001, a AEL SISTEMAS S.A. faz parte do grupo Elbit Systems, líder mundial no segmento de defesa. Atuamos em projetos estratégicos das Forças Armadas Brasileiras como Gripen NG, KC-390, Guarani e SISFRON – Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras. Através de tecnologias e conhecimentos avançados, infraestrutura moderna e treinamento sistemático, a AEL produz soluções de última geração, confiáveis e inovadoras, com a qualidade de seus produtos e serviços reconhecidos internacionalmente.”

Além de difundir publicamente que faz parte de um conglomerado de “segurança e defesa” vinculado ao Estado Sionista, a empresa também afirma que:

“Pesquisa e Desenvolvimento

No centro tecnológico de sistemas de defesa da AEL – um espaço de 10.000m², produzimos soluções de última geração, confiáveis e inovadoras. Investimos continuamente em tecnologia e capacitação de pessoas com o compromisso de desenvolver a indústria espacial e de defesa do País. O domínio das tecnologias de ponta e a experiência acumulada têm capacitado a empresa na integração de diferentes tipos de sistemas em variadas plataformas, aumentando a capacidade operacional e eficiência das missões.”

Ao final da capa da imagem oficial da AEL Sistema constam os selos dois apoiadores. São estes a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do logo do governo federal atual (União e Reconstrução) e da Agência Espacial Brasileira (AEB). Ou seja, infelizmente, o Estado brasileiro segue – de fato – apoiando o Apartheid e não promoveu uma revisão imediata dos contratos com todas as empresas vinculadas a conglomerados sionistas.

A luta pela expulsão das empresas sionistas

Em 14 de novembro de 2023 foi realizado um ato contra a AEL Sistemas em Porto Alegre. Desde abril de 2018 a situação é tensa, pois o ex-reitor da UFRGS, Rui Vicente Oppermann e o presidente da empresa AEL Sistemas Sérgio Horta assinaram protocolo de intenções para cooperação na realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento de produtos, ensino e extensão na área de tecnologias de defesa.

Ainda segundo o site da ANDIFES, “estavam previstas iniciativas na área de sistemas embarcados, sistemas optrônicos, de navegação e de comunicação principalmente para aplicações aeroespaciais e de defesa.”

Em abril deste ano, a Associação de Servidores da UFRGS (ASSUFRGS) firmou um compromisso de lutar contra este convênio. Esta luta – contra a presença da AEL no Brasil – já tem mais de uma década (iniciou em 2013) e é uma das partes visíveis da nefasta presença sionista em áreas sensíveis para a defesa do Estado brasileiro.

O alerta ultrapassa a solidariedade com a Palestina. Os interesses e a soberania do Brasil dependem e sistemas de defesa que não sejam comutados com os países que detêm a tecnologia. Ou seja, a julgar pelo que se sabe nos estudos estratégicos internacionais, quem vende os sistemas consegue impor a sua agenda (ou a do país de origem), limitando as capacidades do país comprador. O país tem plena capacidade de desenvolver – novamente – um complexo nacional de defesa, não havendo nenhuma necessidade ou sentido de financiar uma subsidiária da Elbit em solo brasileiro.

FORA AEL SISTEMAS DO BRASIL!

LEIA: Sob pressões sociais, Exército brasileiro suspende contratação da Elbit

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

Categorias
América LatinaArtigoÁsia & AméricasBrasilIsraelOpiniãoOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments