Convocada pela Frente em Defesa do Povo Palestino com representantes de organizações e partidos preocupados com a situação palestina, a Marcha contra o Genocídio começou na Avenida Paulista, com discursos e depoimentos sobre os 76 anos da vida palestina até hoje, sob ataques e apartheid. “A Nakba continua ainda, e é isso que está acontecendo em Gaza”, disse a jornalista palestino-brasileira Soraya Misleh e uma das lideranças organizadoras da marcha.
A família de Soraya é uma vítima da Nakba de 1948, que luta ainda hoje pelo direito de entrar em sua terra. Seu pai, falecido no ano passado, foi expulso quando os imigrantes sionistas assaltaram terras e casas, deslocaram, feriram e mataram palestinos para instalar o Estado de Israel. E tudo isso ocorreu sob a responsabilidade da ONU, que, sob a presidencia do brasileiro Oswaldo Aranha, votou a favor da partilha da Palestina sem consultar o povo palestino, Hoje a ONU pede o fim da guerra contra Gaza, mas está presa nos próprios mecanismos que lhe deram origem, que permite aos Estados Unidos negar uma intervenção no país. .
A Nakba foi um divisor de águas na vida do povo palestino, único habitante da terra antes do envio de imigrantes, mercenários e milicianos para desocupar tudo. Essa gênese do Estado de Israel explica a formação violenta de jovens soldados, que naturaliza o terrorismo de Estado adotado por Israel em sua política de apartheid e genocídio. Vídeos mostram soldados que se divertem com o sofrimento de suas vítimas, incumbidos de eliminá-las para ainda concluir a Nakba.
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O modo como Israel ignora os apelos da comunidade internacional, e como os Estados Unidos continuam promovendo e financiando a guerra contra Gaza tem gerado movimentos em todo mundo para que Israel seja boicotado, sancionado, criminalizado e tenha relações e acordos interrompidos até que a ocupação acabe e a Palestina tenha pleno direito ao seu Estado. O Dia da Nakba foi lembrado em universidades e atos de rua pelo mundo, muitos sob repressão de governos aliados de Israel.
No Brasil, estudantes ocuparam o pátio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo e ajudaram a organizar a marcha, que percorreu a Avenida Paulista e a Rua da Consolação, terminando na Praça Roosevelt com mais chamadas e a queima da bandeira de Israel. A Flotilha da Liberdade, que aguarda autorização para zarpar da Turquia com toneladas de alimentos em direção à Gaza – sob risco de ataques israelenses – também foi homenageada com uma instalação de barquinhos na praça.
Participantes da marcha pedem ao governo Lula que adote atitude mais firme, e rompa relações com o Estado genocida de Israel.