A África do Sul declarou sua rejeição às acusações de Israel contra agências da Organização das Nações Unidas (ONU), em particular, o Escritório de Coordenação para Assuntos Humanitários (OCHA).
A declaração ocorreu em coletiva de imprensa em Haia, após sessões do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) na quinta e sexta-feira — 16 e 17 de maio.
Zane Dangor, diretor-geral do Departamento de Relações e Cooperação Internacional (DIRCO), expressou o repúdio do país aos ataques israelenses às instituições ao lado do embaixador sul-africano em Haia, Vusi Madonsela, e do ministro assistente de Relações Exteriores do Estado da Palestina, Ammar Hijazi.
Dangor observou que seu país rejeita as alegações israelenses contra agências que monitoram a crise e as violações em Gaza, ao destacar que as provas abundantes postas diante da corte em seu caso de genocídio “elucidam os fatos para todo mundo ver”.
Segundo o oficial sul-africano, as evidências “mostram a extensão da devastação de Gaza”, após sete meses de ofensiva indiscriminada de Israel que matou 35 mil pessoas, feriu quase 80 mil e desabrigou dois milhões de nativos.
Dangor manifestou ainda o repúdio sul-africano às alegações infundadas de Israel de que dados da ONU sobre a população de Gaza “não são confiáveis”, ao denunciar o exército ocupante por impedir a entrada de jornalistas e oficiais internacionais a fim de encobrir os crimes.
Nesta sexta-feira (17), o Tribunal Internacional de Justiça concluiu uma audiência sobre apelos sul-africanos por “medidas adicionais” emitidas pela corte em seu processo de genocídio contra Israel, após avanços coloniais à cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, que abriga 1.5 milhão de refugiados.
O Brasil, mediante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reconhece o genocídio em Gaza e apoia o processo da África do Sul. No entanto, procrastina uma ruptura de relações, sob pressão de ativistas pró-Palestina e movimentos sociais.
Em 26 de janeiro, Haia reconheceu a “plausibilidade” do genocídio cometido em Gaza, ao abrir um processo que deve durar anos, ao ordenar Tel Aviv “medidas para impedir atos de genocídio contra os palestinos e melhorar a situação humanitária em Gaza” — contudo, sem aval.
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