A emissora estatal israelense Kan reportou nesta sexta-feira (17) uma dura confrontação entre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, durante uma reunião do gabinete de segurança do governo em Tel Aviv.
Ben-Gvir declarou à imprensa que o ministro da Defesa, Yoav Gallant, deixou a reunião durante seu discurso, o que o levou a direcionar as queixas a Netanyahu e pedir o cargo do colega.
A elite política em Israel é tomada por divergências sobre o “pós-guerra” na Faixa de Gaza, com desacordos frequentes entre Gallant e Netanyahu. O governo sofre também crise interna, com a retomada de protestos de massa por sua dissolução, e crise diplomática internacional, contra o genocídio conduzido em Gaza.
Para Gallant, “a vida pós-Hamas em Gaza somente será conquistada com a tomada de controle de entidades palestinas que administrem o território, junto de agentes internacionais, a fim de estabelecer uma alternativa de gestão ao governo do Hamas”.
O ministro da Defesa insiste que recorrer a colaboracionistas palestinos está nos “interesses do Estado de Israel”.
“A indecisão é, em sua essência, uma decisão tomada”, prosseguiu Gallant. “Tudo isso leva a um curso perigoso, ao promover a ideia de governança civil-militar de Israel em Gaza”.
Ben-Gvir, no entanto, insiste na reocupação e mesmo “colonização” de Gaza, conforme discurso aberto nesta semana. Gallant e Ben-Gvir compartilham visões supremacistas e desumanizantes sobre os palestinos, mas divergem dos meios.
Gallant, logo no início de sua agressão a Gaza, anunciou um cerco absoluto ao enclave costeiro — sem comida, água, eletricidade ou medicamentos — ao descrever os palestinos nativos como “animais humanos”.
Pouco depois, Netanyahu anunciou uma “guerra santa” contra as “crianças das trevas”.
Segundo analistas, Netanyahu hesita cessar o conflito em Gaza em causa própria, sob receios de implosão de seu governo e eventual prisão por corrupção — processos que já correm nas cortes israelenses.
Em Gaza, são 35 mil mortos, 80 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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