Forças israelenses matam dezenas em Rafah, enfrentam resistência

Forças israelenses mataram ao menos 38 palestinos em bombardeios lançados por aeronaves e artilharia por terra em toda Faixa de Gaza, nesta quinta-feira (23), ao se deparar com militantes da resistência palestina nas regiões próximas a Rafah, no extremo sul do território.

As informações foram corroboradas por jornalistas em campo e oficiais de saúde.

Tanques israelenses avançaram ao sudeste de Rafah, assim como ao distrito ocidental de Yibna, além de manter operações em ao menos três subúrbios da zona leste.

“Forças da ocupação tentam avançar ainda mais a oeste e já estão nos limites de Yibna — uma região densamente povoada. Porém não invadiram ainda”, reportou um residente, em condição de anonimato.

“Ouvimos explosões e vimos fumaça preta saindo das áreas tomadas pelo exército”, prosseguiu em uma chamada por aplicativo de chat com jornalistas da agência Reuters. “Esta foi mais uma noite difícil”.

Ataques simultâneos de Israel contra os limites sul e norte de Gaza, ao longo de maio, causaram um novo êxodo de centenas de milhares de pessoas, além de cortar as principais vias de acesso humanitário, apesar da crise de fome que assola o enclave.

Israel insiste na invasão a Rafah, cidade na fronteira com o Egito que abriga hoje 1.5 milhão de refugiados, sob o pretexto de “exterminar o Hamas”.

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“O Hamas está em Rafah, o Hamas mantém nossos reféns em Rafah; por isso que nossas forças estão agindo na cidade”, comentou Daniel Hagari, porta-voz do exército israelense, ao repetir a tese de uma “operação precisa”, a despeito do aumento claro das baixas civis.

Hagari disse ainda “encorajar os civis a evacuarem [Rafah] a áreas humanitárias [sic]”.

Analistas, no entanto, advertem que o real objetivo militar é transferir compulsoriamente os palestinos de Gaza ao deserto do Sinai.

Suze van Meegan, coordenadora do Conselho de Refugiados da Noruega para a Emergência em Gaza, confirmou a presença de civis que não têm para onde ir.

“A cidade de Rafah abarca agora três mundos inteiramente distintos: a parte leste é o arquétipo da zona de guerra; a região central é uma cidade fantasma; o oeste é congestionado de pessoas que vivem em condições deploráveis”, destacou van Meegan em comunicado.

Israel também avançou por terra contra o campo de refugiados de Jabaliya, mais ao norte, onde diversas áreas residenciais foram sucessivamente destruídas nos últimos meses, além da região próxima de Beit Hanoun.

Segundo o exército de Israel, três soldados foram mortos em confronto com a resistência nesta quarta-feira (22), somando 286 baixas militares do lado ocupante desde 20 de outubro, quando invadiu o território.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. Segundo autoridades israelenses, 1.200 pessoas morreram na ocasião.

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Uma reportagem do jornal Haaretz, porém, confirmou que grande parte das mortes se deu por “fogo amigo”, sob instruções expressas de comandantes israelenses, documentadas em áudios vazados ao público, para não permitir a tomada de reféns.

Em Gaza, são ao menos 35.709 mortos e 79.990 feridos. Entre os mortos, 15 mil são crianças.

Em torno de 70% da infraestrutura civil de Gaza foi destruída pela varredura norte-sul realizada pelas forças ocupantes. Hospitais, escolas, abrigos e mesmo rotas de fuga não foram poupadas.

Dois milhões de pessoas foram desabrigadas.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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