Argentina sob comando sionista: Milei é aliado do Apartheid

Infelizmente, desde dezembro de 2023, o principal parceiro comercial e país aliado do Brasil, a Argentina, está sob desgoverno de apostadores do mercado financeiro e totalmente aliado do chamado Ocidente. Em especial, o presidente é um subalterno a Washington e Tel Aviv.

A relação mais direta de Javier Milei, um economista típico da Argentina na Era Menem (o ex-presidente traidor do seu país e da Causa Árabe) se deu através de um “timbero” (especulador do cassino financeiro) de nome Dario Epstein. Este sujeito é operador do fundo Blackrock (o maior sistema de fundos de investimento do mundo) e tomador final de decisão do grupo Pampa Energía S/A.

A Blackrock também é acionista de importantes empresas, mas principalmente da Pampa Energía SA, da Glencore e dos quatro primeiros bancos privados que operam na Argentina em volume de depósitos, que ao mesmo tempo são os maiores detentores de títulos de dívida do Tesouro em pesos e Letras de Liquidez (Leliq), Notas de Liquidez (Notaliq) e acordos de recompra passivos do BCRA, que são empréstimos dos bancos ao BCRA dos depósitos que cobram do público argentino. Os quatro maiores bancos privados da Argentina hoje são o Santander-Río; BBVA; Galiza; e Macro, sendo que em todas as quatro a BlackRock reconhece ter parte do capital social.

Todas essas empresas são acusadas de lavagem e evasão de dinheiro, através de compra de dólares sem origem e envio para o exterior. Não por acaso Milei quer aprovar uma legislação que transforma a Argentina em uma enorme lavanderia financeira e paraíso fiscal. Epstein e seus sócios – menemistas – Roque Fernández e Carlos Rodríguez estão por trás desta proposta obscena. Curiosamente, o empresário que condena os acampamentos estudantis em defesa da Palestina nas universidades da América do Norte, não assumiu cargos no governo que ele ajudou a montar e financiar a campanha. Segue sendo um dos sócios em uma “consultoria”, a Research for Traders, junto a Gustavo Neffa (outro “timbero” de origens semelhantes).

Milei se subordina a Israel

O ultraliberal e neofascista presidente eleito da Argentina, Javier Milei, mesmo antes do início da guerra de 07 de outubro promovida pelo Apartheid contra o povo palestino, já tinha anunciado que, se vencesse, os seus dois principais aliados seriam os Estados Unidos e Israel.

LEIA: Relações da América Latina com o Oriente Médio: Política externa em tempos de crise

“Estou mantendo minha promessa de que o primeiro país que visitaria seria Israel e obviamente venho apoiar Israel contra os terroristas do Hamas”, disse Milei ao ministro das Relações Exteriores, Israel Katz (o mesmo que se dedica a caluniar o Brasil pelas redes sociais e articular com a corja fascista nacional), assim que chegou ao Aeroporto Internacional Ben Gurion.

A sua escolha de viajar para Israel – um país em guerra – como primeiro destino – após uma breve visita a Conferência Mundial Capitalista Davos em Janeiro – vai muito além do pessoal. Javier Milei reproduz o proselitismo Neocalvinista, o mesmo que reproduz no Brasil e nos EUA a chamada “teologia do domínio”.  O presidente disse que tudo se encontra em duas publicações, “no segundo livro da Torá” e “em Shemot”. E concluiu: “Sem dúvida o maior herói da liberdade de todos os tempos é Moisés”.

Para Milei, a ligação entre Israel e a liberdade é “fundamental” porque é um poder, na sua opinião, que foi capaz de fundir “o espiritual e o material”. “É muito importante compreender a ligação entre a liberdade e Israel. É fundamental porque é um ponto que também consegue uma conjunção entre o espiritual e o material; essa harmonia espiritual e material gerou progresso”, afirmou.

Milei e a tese da superioridade “cultural”

Milei concedeu entrevista ao “jornalista” Ben Shapiro pouco antes da resposta simbólica iniciada pelo Irã contra Israel, e só nesta data o programa foi ao ar no canal do apresentador de extrema direita no YouTube.

LEIA: Após ação iraniana, Milei reafirma ‘apoio inabalável’ a Israel

Pelo visto, qualquer semelhança com as palavras do presidente da Confederação Israelita Brasileira (CONIB), o médico oftalmologista e também empresário Claudio Lottenberg não é nenhuma coincidência. Segundo o igualmente presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e Presidente do Instituto Coalizão Saúde:

“Não há explicação racional para o motivo pelo qual a Palestina se tornou uma causa progressista de topo sem o devido aprofundamento. Para mim o palestinismo assim como está constituído na “Palestina” e em todo o mundo, é sem dúvida o movimento mais pouco progressista do planeta. A questão é querer se aprofundar o que muitos não desejam por acomodação ou por mera conveniência fruto de uma relação maculada com a intolerância.

Simplesmente porque não há um caso progressista para a Palestina.Todas as evidências são de que os palestinos em uma Palestina independente apoiada pelo Hamas e pelo Irã não seriam mais livres e provavelmente menos livres do que são agora.”

Ou seja, para o médico Lottenberg e o financista Milei, há uma suposta superioridade moral no ato de colonizar uma terra que não lhe pertence, exterminar a população nativa com orçamento dos EUA e deter o direito da virtude, mesmo construindo um “país fictício” em cima de limpeza étnica. O Estado Sionista é fruto de pogrom enorme e permanente e quem o defende é cúmplice deste genocídio.

Tem mais.

A Argentina sendo oferecida para as empresas sionistas 

Vejamos os objetivos da chanceler de Milei, Diana Mondino, na visita ao Estado Sionista, em conjunto com seu presidente. Começou com uma aposta de mais cassino financeiro. Primeiramente, a ministra das relações exteriores manteve uma reunião de trabalho com os diretores da startup eToro – plataforma de investimentos fundada em 2007. Esta empresa é alvo de seríssimas acusações na Austrália, especificamente no negócio de criptomoedas.

LEIA: O que motiva o presidente da Argentina a pedir a demolição de Al-Aqsa?

Depois, o segundo compromisso tratou do botim de minério estratégico. Mondino reuniu-se então com diretores da XtraLit, startup israelense que desenvolve um método de extração direta de lítio de recursos aquosos, e que está em processo de seleção de projetos para aquisição, produção e geração de valor agregado de lítio na Argentina.

Na sequência, aprofundou o colonialismo nos mananciais de água.  Mondino (que é economista, neoliberal e herdeira de banqueiros) realizou uma reunião de trabalho com executivos da Mekorot, a empresa estatal de água de Israel, um país “líder na gestão de recursos hídricos” – roubando água dos outros – em todo o mundo. Mekorot é a empresa estatal israelense denunciada pela ONU por realizar “apartheid hídrico” contra o povo palestino

O último encontro foi do tipo “clássico”, no reforço da política austericida. Da mesma forma, Mondino manteve um encontro com o economista Leonardo Leiderman, Conselheiro Chefe do Banco Hapoalim, o maior banco comercial de Israel (e com culpa admitida de crime financeiro nos EUA), com quem discutiu o delicado contexto económico e financeiro da Argentina e as oportunidades que se abrem a partir das mudanças políticas introduzidas pela nova administração. Além disso, falaram sobre programas de estabilização e principalmente sobre o sucesso do plano que Israel aplicou na época para baixar a inflação, no qual trabalhou o economista.

Milei, Mondino, Epstei, a trupe menemista, o ministro da Economia Luis Caputo (e apostador do cassino financeiro) são partes de um todo que querem a Argentina colônia. Para tal juram lealdade a um Ocidente imaginário e ao Estado Sionista. Asseguram esta servidão voluntária pois atendem seus interesses mesquinhos (tanto individuais como frações de classe dominante) e violam a própria soberania colocando o Comando Sul dos Estados Unidos para gerir setores estratégicos do país. Ainda bem que a “gloriosa juventude argentina”, tão acostumada a dar a volta por cima, lado a lado com um povo organizado e que luta sem parar, está fazendo o máximo possível para acabar com este espólio e usurpação do poder concedido pelo voto.

 

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

Sair da versão mobile