Autoridades relevantes estão investigando a morte de um membro das forças de segurança do Egito em uma troca de tiros na zona de fronteira de Rafah, com a Faixa de Gaza sitiada, tomada pelas tropas de Israel, reportou nesta segunda-feira (27) uma fonte militar egípcia.
O exército israelense admitiu averiguar um incidente entre as partes perto da travessia, todavia, sem conceder detalhes.
As informações são da rede de notícias Al Jazeera.
“Autoridades competentes das Forças Armadas estão investigando um incidente com disparos perto da zona de fronteira de Rafah, que levou à morte de um oficial de segurança presente na região”, confirmou o general egípcio Ghareeb Abdel Hafez na rede social X (Twitter).
Forças israelenses tomaram o lado palestino da travessia de Rafah, vital à ajuda humanitária, no início de maio, ao lançar uma ofensiva militar por terra contra a cidade fronteiriça, consolidando meses de ameaça, apesar de forte crítica da comunidade internacional.
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Estima-se que 1.5 milhão de pessoas estão abrigadas em Rafah, após sucessivos deslocamentos pela varredura norte-sul do exército de Israel. Declarações de lideranças israelenses corroboram apreensões de que seu objetivo militar seja a transferência compulsória dos palestinos de Gaza ao deserto do Sinai, apesar de veemente repúdio do lado egípcio.
Egito e Israel assinaram um tratado de normalização em 1979 e colaboram há mais de 17 anos no cerco militar a Gaza.
As circunstâncias do tiroteio transfronteiriço não estão claras e não se sabe qual lado abriu fogo primeiro. Não houve vítimas entre as forças israelenses.
O Egito é um dos mediadores das negociações por cessar-fogo em Gaza, entre Israel e o Hamas; contudo, sem cooperação do lado israelense.
Rami Dajani, diretor de projetos para Israel e Palestina do think tank International Crisis Group (ICG), sediado em Bruxelas, admitiu que a situação em Rafah e os avanços de Israel resultaram em “tensões ao longo da fronteira”.
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Segundo Dajani, “o Egito tem enorme preocupação com os desenvolvimentos imediatamente à margem de seu território”, de modo que “implicações de segurança têm extrema importância à segurança nacional do Egito”.
No domingo (27), forças israelenses bombardearam um campo de refugiados, designado como “zona segura”, na periferia de Rafah, perto de um galpão das Nações Unidas. Quarenta e cinco palestinos morreram, sobretudo mulheres e crianças.
O ataque causou um grave incêndio no aglomerado de tendas que abrigava milhares de famílias. Imagens gráficas — incluindo corpos carbonizados e decapitados de crianças — circularam nas redes sociais.
Ataques simultâneos de Israel mataram ainda 160 pessoas mais ao norte, em Jabalia, Nuseirat e Cidade de Gaza — áreas destinadas aos deslocados palestinos.
No total, Israel deixou 35 mil mortos, 80 mil feridos e dois milhões de desabrigados em pouco mais de seis meses. Quinze mil mortos são crianças.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.