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Israel vive pico em pedidos de cidadania alemã, reflete crise interna

Vistos da União Europeia [schengenvisainfo]

O número de israelenses que solicitaram cidadania alemã aumentou consideravelmente desde outubro de 2023, segundo índices do Escritório Federal de Administração (BVA).

Dados de janeiro a abril deste ano registraram 6.869 aplicações — muito mais do que o mesmo período nos anos anteriores. Em 2022, foram recebidas 5.670 aplicações no ano todo; em 2023, sobretudo após a escalada em Gaza, pedidos subiram a 9.129 no total.

O BVA da Alemanha é responsável por naturalizações com base em restituição por perseguição.

Em junho de 2021, o Bundestag (parlamento) aprovou uma lei de “reparação de cidadania”, ao permitir que descendentes de sobreviventes do Holocausto nazista se naturalizassem alemães.

A legislação reconhece, portanto, o direito de retorno, em respeito à lei internacional — direito, contudo, negado por Israel aos refugiados palestinos da Nakba desde 1948, quando 500 aldeias e cidades foram destruídas e 800 mil pessoas foram expulsas de suas terras.

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A lei em Israel permite e encoraja a dupla cidadania, a fim de incentivar a imigração de colonos; no entanto, desconhece a cidadania palestina.

O pico nos requerimentos de uma potencial diáspora colonial se somam a relatos de aeroportos lotados nos momentos-chave da guerra em Gaza, com destaque para a ação transfronteiriça do Hamas em 7 de outubro e do ataque inédito do Irã em 13 de abril.

Reflete ainda a crise interna em Israel, sob pressão política sem precedentes por seu genocídio em Gaza e pelo fracasso em reaver os prisioneiros de guerra capturados pelo Hamas.

No norte do território considerado Israel, conforme troca de disparos com o movimento libanês Hezbollah, colonatos se tornaram cidades fantasmas, com a fuga de 600 mil colonos. Quarenta porcento deles não deseja retornar, segundo reportagem do The Wall Street Journal.

De acordo com a publicação americana, residentes do norte “estão entre os manifestantes mais veementes do país”. Com a chegada do novo ano letivo, em setembro, colonos do norte buscam estabelecer raízes em novas áreas.

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Para muitos, o norte continuará inabitável por anos — perda estratégica para o regime colonial israelense. Em um dos colonatos, Kiryat Shmona, a alguns quilômetros da fronteira libanesa, a população caiu de 24 mil a três mil pessoas desde outubro. Os remanescentes são funcionários públicos ou idosos, segundo o prefeito, Avichai Stern.

Além disso, cerca de 70% dos israelenses reivindicam a renúncia do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, para realizar novas eleições, conforme pesquisa da imprensa estatal.

Após breve pausa, protestos de massa contra o governo de Netanyahu foram retomados em Tel Aviv em escala semanal.

Analistas apontam que Netanyahu mantém a guerra em Gaza e nega negociações por uma troca de prisioneiros sob interesse próprio, conforme receios de colapso de seu governo de extrema-direita e eventual prisão por seus processos de corrupção.

Os ministros supremacistas Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças) recusam negociações, sob ameaças de deixar o governo. Pedem também a reocupação de Gaza e expulsão dos dois milhões de palestinos ao deserto do Sinai.

Negociações para troca de prisioneiros devem ser retomadas no Catar, na próxima semana; sem expectativas, no entanto, de quaisquer concessões por parte de Israel.

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