O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, condenou os massacres israelenses em Rafah, no extremo sul de Gaza, ao associar às imagens aos campos de concentração do Holocausto.
Em coletiva de imprensa realizada semanalmente, Maduro descreveu o ataque israelense a um campo improvisado para deslocados em Rafah, como “massacre”, ao reafirmar: “Este é um dos mais horríveis genocídios que a humanidade já viu desde os tempos de Adolf Hitler”.
“Israel comete massacres em Gaza para todo o mundo ver, sem ninguém para impedi-los”, disse o presidente, ao denunciar a cumplicidade de Estados Unidos e União Europeia. Para Caracas, a resposta da comunidade internacional é um “silêncio genocida”.
Maduro acusou o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, de desprezar o direito internacional ao estender atrocidades a crianças cristãs e muçulmanas.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, somou-se às críticas em sua página do Twitter (X):
“O massacre continua. Como muitos proprietários de bancos e fundos de capital apoiam a chacina, os autodenominados poderosos países democratas são incapazes de se opor”.
Em 1° de maio — em um ato que reuniu milhares de pessoas para o Dia dos Trabalhadores em Bogotá —, Petro anunciou a ruptura de relações diplomáticas com Israel, ao fechar a embaixada do Estado colonial sionista na capital colombiana dois dias depois.
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Em 23 de maio, Petro ordenou a abertura de uma embaixada colombiana em Ramallah, sede da Autoridade Palestina, na Cisjordânia ocupada.
Petro também suspendeu as trocas militares com a ocupação israelense — um aspecto histórico do relacionamento entre os países — e retirou seu embaixador de Tel Aviv.
A Colômbia não é o primeiro país latino-americano a cortar laços com a ocupação. No final de outubro, a Bolívia do presidente Luis Arce rompeu relações com o regime de apartheid. Chile e Honduras retiraram seus embaixadores do Estado ocupante.
O Ministério de Relações Exteriores do Chile “condenou incisivamente o ataque indiscriminado das Forças de Defesa de Israel [sic] a um campo de refugiados civis em Rafah, matando dezenas de pessoas, incluindo mulheres e crianças”.
A ministra de Relações Exteriores da Bolívia, Thelinda Sosa Lunda, expressou indignação e instou “Israel a cessar imediatamente sua guerra de extermínio imposta ao povo palestino”.
Lunda reivindicou ainda uma “solução justa e duradoura ao conflito que permita aos palestinos que exerçam seu direito à autodeterminação” e reiterou “a solidariedade e o apoio inabaláveis da Bolívia para com sua justa causa”.
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O Brasil retirou o embaixador em Tel Aviv, Frederico Meyer, ao transferi-lo a Genebra. A medida foi publicada nesta quinta-feira (29) no Diário Oficial da União. Segundo Celso Amorim, assessor especial da Presidência, em visita a Pequim, “[Meyer] não volta porque foi humilhado … ao ser humilhado, o Brasil que foi humilhado. A intenção foi humilhar o Brasil”.
Sobre Rafah, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil emitiu uma nota de repúdio na noite de segunda-feira (27), ao alegar “consternação e perplexidade” e apontar “sistemática violação aos direitos humanos e ao direito humanitário internacional, assim como flagrante desrespeito às medidas provisórias reafirmadas, há dias, pela Corte Internacional de Justiça”.
“Essa nova tragédia demonstra o efeito devastador sobre civis de qualquer ação militar israelense em Rafah, conforme manifestações e apelos unânimes da comunidade internacional, diante dos deslocamentos forçados por Israel, que concentraram centenas de milhares de refugiados, em condições de absoluta precariedade”, acrescentou a chancelaria em Brasília.
Apesar de pressões internas e uma contenda acalorada com o regime israelense, que o declarou persona non grata, o governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva ainda posterga a ruptura de laços com a ocupação colonial sionista.
Neste domingo (26), Israel bombardeou um campo de refugiados em Tal al-Sultan, na cidade de Rafah, perto de um armazém da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), deixando 45 mortos e 250 feridos.
Imagens gráficas, incluindo crianças carbonizadas, circularam online.
Israel descumpre medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, requeridas pela África do Sul, que incluem suspensão dos ataques a Rafah, abertura da fronteira e acesso de missões investigativas internacionais.
A campanha israelense deixou ao menos 36 mil mortos e 80 mil feridos em Gaza desde outubro, além de dois milhões de desabrigados — 1.5 milhão dos quais radicados em Rafah.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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