A Argélia submeteu uma lista de itens em posse da França desde a era colonial para que sejam devolvidos como parte dos esforços do Comitê de História e Memória, de acordo com uma nota oficial emitida nesta segunda-feira (27).
“O comitê argelino apresentou uma lista aberta de propriedades históricas com valor simbólico, conservados em várias instituições francesas, e propôs a recuperação e entrega à Argélia”, disse o comunicado. “O comitê pediu à contraparte francesa que leve a questão da recuperação dos itens culturais e de arquivo, entre outras, ao presidente Emmanuel Macron”.
O comitê francês, de sua parte, aprovou “unanimemente” o pedido e prometeu “submetê-lo ao presidente para que os itens retornem ao país de origem o mais breve possível”.
Desde seu estabelecimento em 2022, o comitê conjunto realizou cinco reuniões, o mais recente na semana passada, com a participação de cinco historiadores — cinco de cada lado —, a fim de “analisar o período histórico” entre 1830 e o fim da Guerra da Independência em 1962.
Durante encontro em Paris, em fevereiro, os especialistas concordaram no retorno de todos os itens pertencentes ao emir Abdelkader Ibn Muhyiddin (1808—1883), considerado fundador do Estado argelino moderno e herói da resistência, como um símbolo de soberania.
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Em 2020, a França devolveu os restos mortais de 24 combatentes da resistência mortos no início do processo colonial. A Argélia, contudo, ainda reivindica a restituição de “crânios expostos em museus” para o devido sepultamento.
No fim de março, a Assembleia Nacional da França deferiu uma moção condenando o massacre de 17 de outubro de 1961, perpetrado pela polícia parisiense contra manifestantes argelinos. O presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, celebrou o voto como “passo positivo”.
O presidente argelino deve visitar a França em dezembro. Eleições presidenciais na Argélia estão marcadas para 7 de setembro — três meses antes da data agendada —, ainda sem confirmação da candidatura de Tebboune. A viagem, já adiada diversas vezes, é, portanto, incerta.
Em dezembro passado, o ministro de Relações Exteriores da Argélia, Ahmed Attaf, considerou as condições da visita como “inadequadas”, ao citar questões em aberto, entre as quais, memória, mobilidade, cooperação econômica e impacto dos testes nucleares da França no Saara argelino, na era colonial.
O próximo encontro do comitê conjunto será no Estado europeu, no começo de julho, conforme o comunicado.
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