Dezenove organizações humanitárias internacionais alertaram nesta sexta-feira (31) para “fome iminente” no Sudão, assolado por uma guerra civil, caso ambas as partes no conflito continuem a obstruir o fluxo humanitário à população carente.
Segundo o website das Nações Unidas, o alerta foi emitido em um comunicado conjunto das 19 entidades, doze das quais filiadas à ONU.
A nota reitera que “maiores obstáculos ao fornecimento de ajuda rápida e em escala significam que mais pessoas morrerão”.
As agências recordaram as partes em confronto de suas obrigações em “proteger civis, facilitar o acesso humanitário e adotar um cessar-fogo nacional”.
O Sudão vive uma guerra civil desde abril de 2023, quando o exército regular, liderado por Abdel Fattah el-Burhan, tentou integrar a coalizão paramilitar Forças de Suporte Rápido (FSR), chefiada por Mohamed Hamdan Daglo (Hemedti) a seu contingente.
Ambos os grupos eram parceiros no governo desde o golpe militar que descarrilou a transição à democracia, em outubro de 2021.
Em um ano, a guerra deixou 15 mil mortos e oito milhões de desabrigados, segundo a ONU.
Em coletiva de imprensa realizada em Genebra, Jens Laerke, porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) disse que a fome “deve, provavelmente, tomar grande parte do país e mais e mais pessoas fugirão às nações vizinhas, crianças morrerão de doenças e desnutrição, e meninas e mulheres sofrerão maiores perigos”.
Laerke confirmou que “cerca de 18 milhões de pessoas no país já enfrentam fome aguda e 3.6 milhões de crianças estão gravemente desnutridas”.
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